Novo governo dos Países Baixos quer endurecer a política de asilo
A nova coalizão de governo dos Países Baixos quer endurecer ao máximo a política de asilo do país, embora possa demorar muitos anos para obter a revogação do sistema europeu do tema, afirmou o líder da extrema-direita e vencedor das últimas eleições legislativas, Geert Wilders.
O acordo para formar um governo de coalizão foi anunciado na quarta-feira à noite, seis meses após a vitória eleitoral do partido de Wilders.
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Até o momento, não foi anunciado quem será o primeiro-ministro do país. A pessoa designada sucederá o atual chefe de Governo, o liberal Mark Rutte, que tem grande chance de ser nomeado secretário-geral da Otan.
O pacto de governo foi alcançado entre quatro partidos, o Partido da Liberdade (PVV) de Geert Wilders, que tem uma linha hostil com a imigração e o islã, o partido camponês BBB, o Liberal VVD e o Novo Contrato Social (NSC), que tem a anticorrupção como bandeira.
Segundo o programa de governo divulgado nesta quinta-feira, um documento de 26 páginas, "serão adotadas medidas concretas para aplicar ações mais duras" na política de asilo, assim como um pacote global que permita "controlar a imigração".
As partes indicaram que solicitarão "o mais rápido possível" à Comissão Europeia a possibilidade de prescindir das regras comuns sobre a política de asilo.
O próprio Geert Wilders, no entanto, reconheceu à AFP que esta revogação, que já beneficia a Dinamarca, "levará anos".
"Tentaremos conseguir a chamada revogação sobre o asilo, como a que os dinamarqueses têm. Mas, caso funcione, pode levar anos para conseguir", disse o político.
Wilders insistiu que, a curto prazo, o novo governo de linha conservadora utilizará a legislação existente para restringir o que chamou de "fluxo de demandantes de asilo".
"O que temos hoje no nosso acordo é realmente a política mais dura contra o asilo que já foi aplicada nos Países Baixos", disse o líder do PVV à AFP. Ele também prometeu aplicar controles de fronteiras para evitar a chegada de demandantes de asilo.
As pessoas sem um visto válido de residência poderão ser deportadas "à força, se necessário", acrescenta o programa de governo.
- Apoio à Ucrânia -
Na política externa, os partidos que integram a coalizão se comprometem a apoiar a Ucrânia nos campos "político, militar, financeiro e moral".
Além disso, o acordo defende a análise da transferência da embaixada neerlandesa em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
Os israelenses consideram Jerusalém sua capital "eterna e indivisível", mas os palestinos querem instalar na cidade a capital de um hipotético Estado. A maioria das embaixadas em Israel fica em Tel Aviv.
Entre os favoritos para assumir o cargo de primeiro-ministro está Ronald Plasterk, que já foi ministro da Educação e do Interior.
Em março, os quatro partidos concordaram em formar um gabinete com 50% de políticos e 50% de personalidades independentes.
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© Agence France-Presse