Economia do Brasil cresce 0,8% no primeiro trimestre
A economia do Brasil cresceu 0,8% no primeiro trimestre em relação aos últimos três meses do ano passado, um pouco acima das previsões do mercado, que esperava 0,7%.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,5% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados nesta terça-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Os dados mostram que a economia voltou a crescer no primeiro trimestre do ano, após dois trimestres de resultados próximos de zero.
A expansão foi impulsionada pela agricultura, que cresceu 11,3% em relação ao trimestre anterior, e pelo setor de serviços, com expansão de 1,4%. A indústria registrou uma pequena variação negativa de 0,1%, considerada como estabilidade, informou o IBGE.
O crescimento sustentado do consumo das famílias devido à melhoria do mercado de trabalho, às menores taxas de juros e à moderação da inflação, além da continuidade dos programas governamentais de ajuda às famílias, influenciaram o resultado positivo do PIB, destacou Rebeca Palis, analista do IBGE.
Palis destacou o impulso do "comércio varejista e os serviços pessoais, ligados ao crescimento do consumo das famílias, a atividade internet e desenvolvimento de sistemas, devido ao aumento dos investimentos e os serviços profissionais".
O índice de desemprego no Brasil atingiu 7,5% no trimestre móvel de fevereiro a abril, uma queda de um ponto percentual em comparação à taxa de 8,5% no mesmo período de 2023.
- "Recuperação temporária" -
O PIB do primeiro trimestre superou ligeiramente as expectativas do mercado, que havia estimado a expansão em 0,7%, segundo a média de mais de 70 estimativas de consultorias e instituições financeiras consultadas pelo jornal Valor Econômico.
Esta é uma boa notícia para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que frequentemente afirma que a economia experimentará um crescimento maior do que o previsto pelos especialistas.
"Mais uma prova de que estamos no rumo certo", publicou na rede social X o presidente Lula após a publicação dos resultados.
Em maio, o governo elevou a sua projeção de crescimento em 2024 para 2,5%, contra a expectativa de 2,2% anunciada em março. No entanto, alertou que os seus cálculos não levaram em conta a devastação causada pelas recentes enchentes no Rio Grande do Sul, uma das maiores economias do país, que representa cerca de 6,5% do PIB brasileiro.
A recuperação do crescimento no primeiro trimestre é "temporária, procedente de uma fase fraca no segundo semestre do ano passado, e não marca o início de uma recuperação forte", disse William Jackson, economista-chefe para Mercados Emergentes da Capital Economics.
No entanto, acrescentou, o ritmo de crescimento e especialmente os gastos das famílias no início de 2023 vão gerar "preocupações no banco central", que busca combater a inflação.
Com o argumento de uma moderação "mais lenta" da inflação, o Banco Central do Brasil (BCB) reduziu a Selic em 0,25 ponto percentual em maio, em vez de 0,50 como vinha fazendo recentemente, para levá-la para 10,50%.
Esta decisão foi mal recebida por Lula, que desde que chegou ao poder tem pressionado por um rápido corte nas taxas de juros para impulsionar o crescimento econômico.
As taxas elevadas tornam o crédito mais caro e abrandam o consumo e o investimento, moderando assim as pressões sobre os preços.
O Brasil fechou 2023 com um crescimento do PIB de 2,9%.
No início de maio, a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) melhorou sua previsão de crescimento da economia brasileira para 2024, dos 1,6% previstos em dezembro para 2,3%.
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