Líder conservador defende aliança com extrema direita em eleições na França
O presidente do partido de direita Os Republicanos (LR), Éric Ciotti, defendeu nesta terça-feira (11) uma "aliança" com a extrema direita nas eleições legislativas antecipadas na França, apesar da rejeição de parte do partido que já governou o país.
"Precisamos de uma aliança com o Reunião Nacional" da líder da extrema direita Marine Le Pen, afirmou Ciotti em uma entrevista ao canal TF1, garantindo os partidos têm uma visão conjunta dos "valores de direita" e que isso permitiria "manter deputados".
Ciotti, que conversou com os líderes de extrema direita Marine Le Pen e Jordan Bardella, garantiu que compartilha com o RN uma visão conjunta de "valores de direita" e que isso permitiria ao LR "manter deputados".
Marine Le Pen saudou a "escolha corajosa" e o "senso de responsabilidade" de Ciotti e disse esperar que "um grande número de funcionários da LR o sigam", em declarações à AFP.
Se este acordo for alcançado, será o primeiro na França entre a direita e a extrema direita e confirmará o fim do tradicional "cordão sanitário" para o RN, partido herdeiro da Frente Nacional (FN) de Jean-Marie Le Pen, conhecido por suas declarações racistas.
O líder dos republicanos no Senado, Bruno Retailleau, classificou a proposta de Ciotti como "pessoal" e o seu homólogo na Assembleia Nacional (câmara baixa), Olivier Marleix, pediu a renúncia do presidente da LR.
O presidente francês, Emmanuel Macron, chocou a França no domingo à noite ao convocar eleições legislativas antecipadas, após a vitória da extrema direita francesa nas eleições para o Parlamento Europeu.
Duas primeiras pesquisas sobre as eleições legislativas dão ao RN uma intenção de voto de 33% a 34%.
Segundo a pesquisa Harris Interactive, o RN obteria entre 235 e 265 dos 577 deputados, ante quase 90 atualmente, enquanto o LR cairia de 74 para uma faixa entre 40 e 55.
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, que deixou o LR para se juntar às fileiras de Macron, denunciou que Ciotti "desonra" o seu partido ao assinar "os acordos de Munique", em referência ao acordo alcançado em 1938 pela Alemanha nazista com Itália, França e Reino Unido e que lhe permitiu anexar a região tchecoslovaca dos Sudetes