Agência antidoping da China acusa EUA de abusos 'sistêmicos'

A Agência Chinesa Antidoping (CHINADA) pediu mais testes em atletas americanos, depois de acusar os Estados Unidos de ocultarem abusos "sistêmicos", em meio a uma troca de denúncias entre os dois países que lideram o quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de Paris-2024.

"Há razões para acreditar que existe um problema sistêmico de doping no mundo do atletismo nos Estados Unidos e, por isso, é necessária uma investigação independente", afirmou CHINADA nesta quinta-feira (8).

Autoridades da China e dos Estados Unidos trocam farpas desde que uma reportagem investigativa revelou, em abril, que 23 nadadores chineses testaram positivo para uma substância proibida antes dos Jogos de Tóquio, em 2021, mas que não foram suspensos e tiveram permissão para competir.

A Agência Mundial Antidoping (WADA) aceitou a alegação das autoridades chinesas de que os resultados positivos foram provocados pelo consumo de alimentos contaminados. Os atletas não foram punidos.

A revelação gerou fortes críticas à WADA, em particular nos Estados Unidos, o que irritou a China.

A CHINADA cita, em um comunicado divulgado nesta quinta-feira, o caso do atleta americano Erriyon Knighton, que testou positivo para um esteroide anabolizante em 26 de março, mas que foi autorizado a competir em Paris depois que a Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA) o absolveu, aceitando a alegação de que foi um caso de contaminação alimentar.

Knighton se classificou para a final olímpica dos 200 metros em Paris.

A CHINADA questionou por que USADA não divulgou mais testes da substância, um esteroide amplamente utilizado na pecuária, entre atletas dos Estados Unidos.

A agência pediu que os atletas americanos sejam testados devido às "manchas profundamente arraigadas no (...) atletismo americano e ao repetido menosprezo da USADA aos procedimentos e padrões".

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A CHINADA não apresentou nenhuma evidência de que os atletas americanos em Paris testaram positivo em exames de doping.

Em um segundo comunicado, também divulgado nesta quinta-feira, a CHINADA destacou a necessidade de "uma investigação independente" sobre as ações da USADA.

Na quarta-feira, a WADA atacou frontalmente a USADA, também em um comunicado, no qual afirma "estar a par de pelo menos três casos em que atletas violaram as regras antidoping e foram autorizados a continuar competindo durante anos com a condição de atuar como agentes infiltrados para a USADA, sem que a WADA fosse consultada".

"Os casos nunca foram revelados e seus resultados nunca foram invalidados. Suas premiações não foram retiradas e não cumpriram nenhuma suspensão", completou a acusação da WADA.

"É irônico e hipócrita por parte da USADA ficar escandalizada quando suspeita que outras organizações antidoping violam as regras, quando ela própria não lida com casos de doping há anos e permitiu que os trapaceiros continuassem competindo", acrescentou a nota.

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© Agence France-Presse

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