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Ministro Silvio Almeida é exonerado após denúncias de assédio sexual

06/09/2024 19h12

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exonerou nesta sexta-feira (6) o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, acusado por várias mulheres de assédio sexual, um escândalo que abalou o governo nas últimas horas.

"Diante das graves denúncias contra o ministro Silvio Almeida, e depois de convocá-lo para uma conversa no Palácio do Planalto, o presidente Lula decidiu pela demissão do titular da pasta de Direitos Humanos e Cidadania", informou a Presidência. "O presidente considera insustentável a manutenção do ministro no cargo, considerando a natureza das acusações de assédio sexual."

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A polêmica estourou ontem, quando o portal Metrópoles revelou que a ONG Me Too Brasil havia recebido denúncias de várias mulheres, incluindo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. A Me Too Brasil confirmou a publicação e esclareceu que as mulheres envolvidas receberam "apoio psicológico e jurídico".

Almeida, um advogado e professor universitário de 48 anos e considerado um dos principais intelectuais do país, negou as acusações.

"Pedi para que [o presidente Lula] me demitisse a fim de conceder liberdade e isenção às apurações, que deverão ser realizadas com o rigor necessário e que possam respaldar e acolher toda e qualquer vítima de violência", escreveu o ex-ministro em nota. "Será uma oportunidade para que eu prove a minha inocência e me reconstrua."

- "Sofrimento diário" das mulheres -

Antes de exonerar o ministro dos Direitos Humanos, Lula havia dito que "alguém que pratica assédio não vai ficar no governo", embora tenha ressaltado que sua administração deve zelar pela presunção de inocência.

A primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, deu uma indicação sobre o desfecho do caso na manhã de hoje, ao publicar no Instagram uma foto dando um beijo na testa de Anielle.

Após a demissão de Almeida, Anielle, 40 anos, disse em suas redes sociais que "não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência" e ressaltou tanto "a ação contundente do presidente Lula" quanto "as manifestações de apoio e solidariedade" que recebeu.

"Sabemos o quanto mulheres e meninas sofrem todos os dias com assédios em seus trabalhos, nos transportes, nas escolas, dentro de casa. E posso afirmar até aqui, que o enfrentamento a toda e qualquer prática de violência é um compromisso permanente deste governo", acrescentou a ministra.

Anielle, à frente do Ministério da Igualdade Racial criado por Lula em seu terceiro mandato, é irmã de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018, um crime que indignou o mundo.

Por sua vez, o portal UOL publicou nesta sexta-feira o testemunho da professora universitária Isabel Rodrigues, que afirmou ter sido assediada sexualmente por Silvio Almeida durante um jantar com cerca de quinze pessoas, em 2019.

"Foi muito estranho porque estávamos com muitas pessoas e eu estava de saia, lembro da mão dele nas minhas partes íntimas, pressionando, fiquei com muita vergonha" relatou Isabel.

A Polícia Federal (PF), por sua vez, anunciou que investigará as denúncias, enquanto a Comissão de Ética da Presidência deu início a um procedimento preliminar para esclarecer as acusações.

Silvio Almeida negou ontem as acusações em um vídeo publicado nas redes sociais, ao classificá-las de "mentiras". Ele denunciou uma "campanha" para "afetar" a sua "imagem enquanto homem negro em posição de destaque no poder público".

Sua esposa, Edneia Carvalho, com quem tem uma filha de um ano, classificou no Instagram as suspeitas contra seu marido como "injustas" e "absurdas".

Este é o primeiro escândalo desse tipo dentro do governo de Lula, que voltou ao poder em janeiro de 2023.

Em junho, a PF recomendou o indiciamento de Juscelino Filho, ministro das Comunicações de Lula, por corrupção e associação criminosa. Filho alega inocência e, até o momento, não foi afastado do governo.

app/raa/mel/am/lb

© Agence France-Presse

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