Opositor russo libertado pede para evitar dar a Putin uma porta de saída na guerra da Ucrânia

O opositor russo Vladimir Kara-Murza pediu nesta segunda-feira (9) aos países ocidentais que não ofereçam uma saída ao presidente russo, Vladimir Putin, na guerra na Ucrânia, acreditando que o fim do seu governo seria a única solução para a paz. 

"É muito importante não permitir que Vladimir Putin vença a guerra contra a Ucrânia", disse Kara-Murza em entrevista à AFP em Paris. 

O opositor, que se deslocou nesta segunda-feira para a França para uma reunião com o presidente Emmanuel Macron, foi libertado em agosto como parte de uma troca de prisioneiros entre países ocidentais e os seus aliados com a Rússia.

Kara-Murza, filho de um dissidente soviético, foi preso por criticar a invasão russa da Ucrânia e condenado em abril de 2023 a 25 anos de prisão por "traição" e divulgação de "informações falsas" sobre o Exército russo.

Ao chegar à França depois de visitar países como a Alemanha, opinou que havia "fadiga" nas sociedades ocidentais devido à guerra que começou com a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022 e insistiu que "o regime de Putin deve ser derrotado".

Este homem de 43 anos, formado na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, para onde emigrou quando adolescente, atacou a "realpolitik" ocidental nas suas relações com a Rússia, o que, na sua opinião, transformou Putin "no monstro que é hoje".

"Deus me livre, mas se for permitido ao regime de Putin apresentar o resultado desta guerra como uma vitória e sobreviver no poder, dentro de um ano ou 18 meses estaremos falando de outra guerra, conflito ou outra catástrofe", estimou. 

Kara-Murza, um cidadão russo e britânico, disse que ficaria "honrado" em ir à Ucrânia para se encontrar com o presidente Volodimir Zelensky e defendeu construir pontes entre os movimentos pró-democracia ucraniano e russo. 

"Teremos que encontrar formas de viver juntos e superar esta terrível tragédia que o regime de Putin desencadeou", acrescentou o opositor, que reconheceu, no entanto, que este processo não será "fácil" nem "rápido", mas será "possível".

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© Agence France-Presse

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