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Chefe da ONU expressa a Maduro preocupação com situação na Venezuela

20/09/2024 17h07

O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou nesta sexta-feira (20) ao presidente Nicolás Maduro sua preocupação com a situação na Venezuela após a sua proclamada vitória nas eleições de 28 de julho.

Em sua primeira conversa por telefone desde a eleição contestada, Guterres disse a Maduro estar preocupado devido "aos relatos de violência pós-eleitoral e violações de direitos humanos".

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Guterres destacou a "necessidade resolver qualquer disputa política de maneira pacífica, por meio de um diálogo genuíno e inclusivo", indicou um comunicado do escritório do porta-voz. Também tomou nota das posições do presidente sobre a situação.

"Conversamos por cerca de 15 minutos e expus a ele a luta que estamos travando contra o fascismo. Devemos chamá-lo pelo nome, é o diabo. Que ninguém suavize as expressões de intolerância e perseguição próprias dos projetos fascistas", disse Maduro, referindo-se aos seus adversários.

Na próxima quinta-feira, durante a Assembleia Geral da ONU, está previsto um encontro ministerial para analisar a situação na Venezuela, patrocinado pelos Estados Unidos.

Segundo um painel de especialistas da ONU, o processo eleitoral da Venezuela "não cumpriu com as medidas básicas de transparência e integridade".

Uma missão de observadores do Centro Carter considerou que a eleição "não se adequou a parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral e não pode ser considerada como democrática".

- Exílio -

Após passar um mês na clandestinidade, González Urrutia, sobre quem pesava uma ordem de prisão da justiça venezuelana, se exilou em 8 de setembro na Espanha.

O candidato opositor afirmou na quarta-feira ter assinado sob "coação" do governo venezuelano um documento para "acatar" a reeleição de Maduro, em troca de permitir sua saída do país.

Parte da comunidade internacional, liderada pela União Europeia, Estados Unidos e vários países latino-americanos, não reconhece a vitória de Maduro.

No dia 12 de setembro, cerca de cinquenta países pediram na ONU que as autoridades eleitorais venezuelanas tornem públicas as atas de votação.

Os Parlamentos europeu e espanhol reconheceram nos últimos dias González Urrutia como "presidente legítimo".

Enquanto isso, o governo venezuelano "intensificou o aparelho repressivo" para "silenciar" a oposição, denunciou na terça-feira um grupo de especialistas da ONU, mencionando violações de direitos humanos, incluindo crimes contra a humanidade.

- 'Panfletário' -

O relatório da Missão Internacional Independente de Determinação dos Fatos sobre a Venezuela, apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, sustenta que as violações de direitos humanos "não são atos isolados ou aleatórios, mas parte de um plano contínuo e coordenado para silenciar, desestimular e reprimir a oposição ao governo do presidente Nicolás Maduro".

Argentina, Canadá, Chile, Equador, Guatemala, Paraguai e Uruguai pediram hoje ao conselho que investigue essas "violações graves".

O Ministério venezuelano das Relações Exteriores indicou em comunicado que "rejeita, de maneira categórica" um "relatório vulgar e panfletário, redigido por uma missão ilegítima, politizada e ideologizada", e acusou os especialistas de "cumprir ordens de Washington".

Ao apresentar o relatório ao plenário do Conselho de Direitos Humanos, a chefe da missão, Marta Valiñas, alertou que "está desaparecendo a mínima aparência de legalidade na atuação das autoridades", pelo que "o risco de desintegração do estado de direito na Venezuela é muito alto".

María Corina Machado agradeceu da clandestinidade "esse relatório valioso e urgente" e pediu ao conselho que "acompanhe os venezuelanos, para que se respeite a verdade e a soberania popular expressa em 28 de julho".

"Todos nós que tivemos responsabilidades diretas na defesa do voto estamos hoje resguardados, como eu, na clandestinidade, exilados, sob asilo ou presos", ressaltou.

af-erc/nn/mar/ic/mvv-lb

© Agence France-Presse

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