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Americanos decidem entre Kamala Harris e Donald Trump em eleição acirrada

05/11/2024 08h53

Os americanos decidem, nesta terça-feira (5), se Kamala Harris será a primeira mulher a presidir os Estados Unidos ou se Donald Trump retornará à Casa Branca, em um cenário de grande incerteza que deixa o mundo em suspense.

A disputa acirrada entre a vice-presidente democrata e o ex-presidente republicano está perto do fim, mas não é possível saber se o resultado será conhecido em algumas horas ou dias.

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Mais de 82 milhões de eleitores já votaram antecipadamente e as filas se espalham nas seções eleitorais abertas neste país, com vários fusos horários. 

Não há favorito. As pesquisas apontam um empate nos sete estados que definirão o vencedor: Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Carolina da Norte, Geórgia, Arizona e Nevada. Os demais estados geralmente se dividem entre os tradicionalmente democratas ou republicanos. 

Nesta terça-feira, os dois candidatos discursaram. 

"Me sinto muito confiante" na vitória, disse Trump após votar na Flórida. 

"Se eu perder uma eleição, se for uma eleição justa, eu serei o primeiro a reconhecer isso. Até agora, acho que foram justas", acrescentou ele, apesar de suas recentes acusações de 'trapaça' contra os democratas.

Antes divulgou um vídeo de um minuto com imagens de uma bandeira americana destruída, migrantes cruzando a fronteira e criminosos armados em contraste com outros de mineradores ou policiais. 

Harris pediu que os americanos fossem votar. 

"Hoje votamos, porque amamos o nosso país e acreditamos na promessa de Estados Unidos", escreveu nas redes sociais. 

- "Muito divididos" -

O país está polarizado politicamente. 

"Estamos muito divididos, ela a está favor da paz e tudo o que seu oponente diz é muito negativo", declarou à AFP Marchelle Beason, de 46 anos, em Erie, uma cidade da Pensilvânia. 

Mas para Darlene Taylor, de 56 anos, o principal é "fechar a fronteira" com o México para bloquear a passagem dos migrantes, a grande promessa de Trump. 

Qual seja o vencedor, o resultado será histórico. Ele conquistaria um segundo mandato não consecutivo de um presidente desde 1893, e ela, negra e de ascendência do Sul da Ásia, se tornaria a primeira mulher no cargo mais importante da nação.

A democrata e o republicano destacaram suas diferenças até os últimos minutos de campanha. Harris, de pai jamaicano e mãe indiana, pediu que se "virasse a página" do "medo e da divisão".   

Com um programa eleitoral vago, mas centrista para tentar convencer os republicanos moderados, Kamala propõe ações firmes contra a imigração ilegal, avanços para a classe média e a defesa do direito ao aborto.

Trump, candidato à Casa Branca pela terceira vez, prometeu em Michigan "consertar todos os problemas" e levar os Estados Unidos e "o mundo a novos patamares de glória", uma "era de ouro".  

- O mundo observa -

Comício após comício, ele repetiu o roteiro de 2016 e 2020, apresentando-se como o candidato antissistema, próximo do povo e crítico ferrenho da elite de Washington.

O mesmo discurso de sempre: a luta contra os migrantes em situação irregular que, segundo ele, "envenenam o sangue" do país.

Trump já chamou os migrantes de "terroristas", "estupradores", "selvagens" e "animais" que saíram de "prisões e manicômios". 

Condenado por um crime no final de maio e com quatro processos pendentes, o republicano, de 78 anos, pintou um cenário sombrio do país durante uma campanha dominada pela violência verbal.

Trump insultou a candidata democrata, de 60 anos, a quem chamou de "lunática radical da esquerda", "incompetente", "idiota" e pessoa com um "coeficiente intelectual baixo", entre outras ofensas.

Ela respondeu chamando o adversário de "fascista".

Além disso, os últimos dias de campanha foram marcados pelo comentário de um humorista pró-Trump que disse que Porto Rico é como uma "ilha flutuante de lixo" ou por uma gafe do presidente Joe Biden que, em reação, chamou os eleitores do candidato republicano de "lixo".

O mundo observa com ansiedade. O resultado terá fortes consequências nos conflitos no Oriente Médio, na guerra na Ucrânia e para a luta contra o aquecimento global, que Trump considera uma falácia.

Com relação ao comércio, o magnata tem uma arma, as tarifas, para "trazer de volta" as empresas. E dois alvos imediatos: México e China. O primeiro pelo "ataque" de "criminosos" e "drogas" e o segundo, segundo ele, por enviar fentanil através do país latino-americano.

A noite eleitoral promete ser longa.

Para ser eleito presidente dos Estados Unidos não basta receber mais votos que o rival. É preciso alcançar o número mágico de 270 votos no colégio eleitoral, integrado por 538 delegados que teoricamente devem respeitar a vontade do povo. 

- Uma incógnita -

O que acontecerá a seguir é uma incógnita. 

Os dois lados iniciaram dezenas de ações legais.

Alguns centros de votação foram transformados em fortalezas, vigiados por drones e com atiradores de elite nos telhados.

O FBI alertou que circulam vídeos falsos que põem em dúvida a integridade do processo eleitoral. 

Em Washington DC, a capital federal, barreiras de metal cercam a Casa Branca e o Capitólio e muitos estabelecimentos comerciais protegeram suas vitrines com tábuas de madeira.

As imagens de 6 de janeiro de 2021, quando simpatizantes de Trump atacaram a sede do Congresso americano, continuam na mente de todos.

Nada indica uma repetição do cenário, mas o republicano já acusa os democratas de "trapacear".

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© Agence France-Presse

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