ONU denuncia saque 'sistemático' de ajuda humanitária na Faixa de Gaza
O saque da ajuda humanitária em Gaza "se tornou algo sistemático e deve parar imediatamente", disse, nesta terça-feira (19), o porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, dias após o pior ataque a um comboio da ONU no território palestino.
"Isso atrapalha operações humanitárias vitais e coloca ainda mais em perigo o nosso pessoal", expressou Stéphane Dujarric.
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"No entanto, as operações para manter a ordem devem ser legais, necessárias e proporcionais", acrescentou, em alusão a uma ação mortal por parte do governo do Hamas, no poder em Gaza, contra supostos saqueadores, a qual deixou 20 mortos na segunda-feira.
Israel impôs um bloqueio total a Gaza nas primeiras fases da guerra do ano passado, e a ONU advertiu em 9 de novembro que a fome extrema se aproximava de algumas áreas devido à falta de ajuda.
A distribuição de ajuda em Gaza é dificultada pela escassez de combustível, pelas rodovias danificadas durante a guerra e os saques, bem como pelos combates em áreas densamente povoadas e os reiterados deslocamentos de grande parte dos 2,4 milhões de habitantes do território palestino.
Vários funcionários humanitários declararam à AFP, sob condição do anonimato, que quase metade da ajuda que entra em Gaza é saqueada, especialmente os itens básicos.
Na segunda-feira, o Ministério do Interior de Gaza declarou que tinha realizado uma operação importante contra os saqueadores.
"Mais de 20 membros de quadrilhas envolvidas no roubo de caminhões de ajuda morreram em uma operação de segurança realizada pelas forças de segurança, em cooperação com os comitês tribais", afirmou o ministério em um comunicado.
A fonte acrescentou que a operação era "o começo de uma ampla campanha de segurança planejada há tempos e que será ampliada para incluir todos os envolvidos no roubo de caminhões de ajuda".
Na terça-feira, o jornal americano The Washington Post citou um memorando da ONU, segundo o qual algumas das quadrilhas recebiam "benevolência passiva, senão ativa" ou "proteção" das Forças de Defesa de Israel.
Dujarric disse que não estava a par do memorando, mas que se for certa a acusação, era "bastante alarmante".
"A ideia de que as forças israelenses possam estar permitindo o saque ou não fazendo o suficiente para impedi-lo é, francamente, bastante alarmante, dadas as responsabilidades de Israel como potência ocupante de garantir que a ajuda humanitária seja distribuída de forma segura", afirmou.
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