O 'despertar' do órgão, uma das etapas da reabertura da Notre-Dame

A reabertura da catedral de Notre-Dame no sábado (7) tem várias etapas litúrgicas, uma delas é o "despertar" do grande órgão do templo, mediante um "diálogo" com o arcebispo de Paris, explicou à AFP um dos intérpretes do instrumento, Thierry Escaich. 

Organista e músico de 59 anos, Escaich interpretará a música ao lado de outros três colegas. 

A cerimônia começará após a abertura solene das portas do templo. 

Pergunta: Como procederão para "despertar" o grande órgão? 

Resposta: Despertar um órgão é algo que se faz praticamente em cada inauguração de um órgão que foi restaurado ou é novo. Frequentemente, se diz que o órgão é um pouco a alma da igreja. 

O grande órgão ficou em silêncio durante mais de cinco anos; foi desarmado, limpo, harmonizado, e agora é necessário devolver a vida e reintegrá-lo nessa nova catedral, com seu frescor. 

Esse novo instrumento e seu novo som precisam ser ouvidos, e isso começa com essa bênção. 

Especificamente, o "despertar" é um diálogo com o arcebispo. Em oito ocasiões, ele se dirigirá ao órgão. Ele começará dizendo: "Desperta, órgão, instrumento sagrado, entoa o louvor de Deus". 

Toda vez que a invocação for concluída, responderemos improvisando, com uma espécie de verso [musical] comentando o que acabou de ser dito. Há um total de oito invocações. 

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Meus três colegas e eu tocaremos um de cada vez. Responderemos com nosso próprio estilo, nossa própria energia, nossa própria linguagem. 

Planejamos improvisar, cada um de nós, versos de um minuto e meio. Esse é o aspecto fascinante da improvisação: o pensamento musical deve surgir nesse curto espaço de tempo.

P: Para o público em geral, será a descoberta de um novo instrumento?

R: Tentaremos fazer com que suas várias sonoridades sejam ouvidas, pois há muito tempo elas não são ouvidas.

Em um órgão, os batentes correspondem a diferentes instrumentos de orquestra. Esse órgão é especial por causa da cor inimitável de seus registros e de sua densidade sonora. Quando tocamos batentes como trompetes ou metais, temos a impressão de estar diante de uma orquestra wagneriana.

Quando improvisamos, por exemplo, descobrimos registros de fundo ou outras cores, como as cornetas (com um timbre semelhante ao do oboé). No momento da invocação da glória do Pai, tentarei trazer à tona as trombetas do Apocalipse.

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P: Você já conseguiu praticar, o que sentiu?

R: No último mês, conseguimos, com meus colegas, começar a trabalhar e experimentar todos os registros do instrumento. O som ainda é magnífico. Como ele foi limpo, talvez brilhe ainda mais do que antes na catedral.

Quando fomos pela primeira vez, apenas uma parte dos registros estava harmonizada, o resto nós imaginamos. Foi emocionante.

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© Agence France-Presse

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