Dirigente opositor é preso na Venezuela após libertação de manifestantes
Outro membro da oposição liderada por María Corina Machado na Venezuela foi preso pouco depois da libertação de 18 pessoas detidas durante os protestos que eclodiram após as questionadas eleições de 28 de julho, informaram nesta quarta-feira (11) ONGs e opositores.
Jesús Armas, que integrou a equipe de campanha da oposição, foi "retirado abruptamente" por agentes policiais de um café na noite de terça-feira e "colocado à força em uma caminhonete prateada sem placas", relatou à imprensa Sairam Rivas, sua companheira e ativista de direitos humanos.
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"Não sabemos absolutamente nada sobre o paradeiro de Jesús, e por isso denunciamos que estamos diante de mais um desaparecimento forçado", continuou Rivas, que foi ao Ministério Público buscar informações. "Fazemos um apelo pela liberdade plena e imediata de Jesús".
A prisão de Armas coincidiu com a libertação de 12 adolescentes e seis adultos detidos nas manifestações que ocorreram horas após a proclamação de Nicolás Maduro para um terceiro mandato de seis anos, segundo informou a ONG Foro Penal, que defende "presos políticos".
Os protestos resultaram em 28 mortos, quase 200 feridos e mais de 2.400 detidos, incluindo adolescentes, acusados de "terrorismo" e levados para prisões de segurança máxima.
Essas libertações fazem parte de um processo de revisão de casos iniciado no mês passado pelo procurador-geral Tarek William Saab com 225 medidas de liberdade. O Foro Penal, entretanto, contabilizou apenas 169 na época.
Na terça-feira, Saab reuniu-se com familiares dos detidos que, na segunda-feira, exigiram maior "celeridade" na revisão dos casos.
Estudantes da Universidade Central da Venezuela (UCV), a principal do país, organizaram nesta quarta-feira a coleta de produtos de higiene pessoal para seus colegas presos. Jesús Armas é professor na escola de Estudos Políticos da universidade.
"Falta um, nosso professor Jesús Armas", lia-se em um quadro. "Libertação já!"
"Exigimos respostas sobre a libertação e as condições do nosso professor", declarou o líder estudantil Israel Rodríguez. "O apelo é pela consciência, empatia e solidariedade com cada um dos presos políticos".
A oposição também afirma que mais de 150 líderes opositores foram presos desde o dia 28 de julho. Eles reivindicam a vitória de Edmundo González Urrutia, atualmente no exílio. María Corina Machado encontra-se na clandestinidade.
De acordo com o Foro Penal, existem 1.905 "presos políticos" na Venezuela.
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© Agence France-Presse