Taxa de homicídios na Amazônia Legal é 41% maior do que a média nacional, diz estudo

As disputas territoriais na Amazônia Legal, que contam com a participação do crime organizado, resultaram em uma taxa de homicídios 41% maior que a média nacional no ano passado, revelou um estudo publicado nesta quarta-feira (11).

Em 2023, a taxa de homicídios na Amazônia foi de 32,3 por 100.000 habitantes, contra 22,8 em todo o Brasil, uma diferença de 41,5%, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, referência no tema.

No total, 8.603 pessoas foram assassinadas no ano passado na parte brasileira da maior floresta tropical do planeta.

Os pesquisadores destacam uma correlação direta entre a abertura de estradas, a intensificação das atividades agrícolas e mineradoras e o aumento da violência.

A penetração do crime organizado não se limita apenas ao narcotráfico, mas se estende ao desmatamento e outros crimes ambientais, aponta a pesquisa.

"O conflito pela terra nesta área é atualmente regulado pelo crime ", destacou o diretor do FBSP, Renato Sérgio de Lima.

"Esse controle se dá por meio de cadeias produtivas, entre elas a criação de gado em territórios da União usurpados por grileiros, a exploração ilegal da madeira, a pesca predatória e, principalmente, o garimpo em terras indígenas", acrescentou.

Segundo o especialista, essa regulação do território, que "ocorre de forma violenta (...), estrutura e conecta as principais atividades criminosas" na Amazônia.

A Amazônia ocupa 59% do território brasileiro e abriga mais da metade da população indígena do país.

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O estudo identificou, em 2024, presença de facções criminosas em 260 dos 772 municípios situados na Amazônia, um a cada três.

O Comando Vermelho, uma das maiores organizações criminosas do Brasil, domina metade desses territórios. Outros 28 municípios estão controlados pelo Primeiro Comando da Capital, enquanto 85 estão em disputa ou têm múltiplos grupos coexistindo.

Os homicídios caíram 6,2% no período de 2021-2023 em relação ao triênio anterior, mas os pesquisadores alertam que essa diminuição não altera substancialmente o panorama geral de violência.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou em junho um plano para ampliar a presença das forças do Estado na Amazônia.

Segundo as autoridades, as atividades fiscalizatórias contra os crimes ambientais foram o motivo do assassinato, em 2022, do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira no Vale do Javari, uma remota reserva indígena no estado do Amazonas, um crime que chocou o mundo.

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