Polícia prende suspeita de envenenar familiares com bolo com arsênio no RS
Uma mulher foi detida em Torres, no litoral norte gaúcho, acusada de envenenar vários familiares com um bolo de Natal que continha arsênio, informaram as autoridades nesta segunda-feira (6).
Seis pessoas de uma mesma família passaram mal após comerem o doce na noite de 23 de dezembro. Três delas morreram.
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Os intoxicados são três irmãs, o marido de uma delas, e a filha e o neto de outra.
Após serem hospitalizadas, duas das irmãs, de 58 e 65 anos, e a filha da mais velha, de 43, morreram com poucas horas de diferença.
A terceira irmã, de 61 anos e responsável por preparar o bolo, permanece internada em estado estável, segundo o último boletim médico.
Por outro lado, o homem e o menino, de 10 anos, já receberam alta.
Existem provas "robustas" sobre a responsabilidade da mulher detida, afirmou o delegado responsável pela investigação, Marcos Veloso, em uma coletiva de imprensa.
O agente não revelou a identidade da suspeita, nem como ela teria participado da preparação do bolo.
A imprensa afirma que se trata da nora da mulher que preparou o doce envenenado.
A suspeita pode ser acusada de triplo homicídio qualificado por motivo fútil e com uso de veneno, além de tripla tentativa de homicídio qualificado.
Os exames identificaram arsênio no sangue das vítimas e no bolo. A substância, altamente tóxica e com venda restrita no país, foi encontrada na farinha usada na preparação.
As pessoas perceberam um sabor estranho ao ingerir o doce, "apimentado" e "desagradável", e por isso a cozinheira pediu que não comessem mais, contou Veloso. Mas já era tarde.
A diretora da polícia científica do Rio Grande do Sul, Marguet Mittman, afirmou que "foram encontradas concentrações altíssimas de arsênio nas três vítimas".
"Para se ter ideia, 35 microgramas já são suficientes para causar a morte de uma pessoa. Em uma das vítimas, havia concentração 350 vezes maior", detalhou.
Embora não tenha avançado em nenhuma hipótese sobre o possível motivo do crime, Veloso afirmou que a família tinha uma relação "muito harmoniosa", mas com "divergências" antigas, que poderiam explicar a origem do crime.
A polícia também solicitou a exumação do corpo do ex-marido da mulher que preparou o bolo. O homem morreu em setembro passado por "intoxicação alimentar" e seu falecimento não foi investigado.
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© Agence France-Presse