Morre Jean-Marie Le Pen, líder histórico da extrema direita na França
O líder histórico da extrema direita francesa, Jean-Marie Le Pen, morreu nesta terça-feira (7) aos 96 anos de idade, deixando para trás um legado marcado por sua ida ao segundo turno da eleição presidencial de 2002 e por controvérsias como a de considerar o Holocausto um "detalhe" da história.
Le Pen, que estava em uma casa de repouso em Garches, a oeste de Paris, há várias semanas por causa de sua saúde debilitada, morreu ao meio-dia "cercado por sua família", disseram seus familiares em um comunicado enviado à AFP.
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"Figura histórica da extrema direita, desempenhou um papel na vida pública do nosso país durante quase setenta anos, que agora cabe à História julgar", disse Macron em um comunicado, no qual apresentou as suas condolências à família.
O fundador da Frente Nacional (FN) em 1972, conhecido por seus comentários xenofóbicos e antissemitas, foi uma figura histórica da extrema direita francesa, tornando-se o legislador mais jovem da França aos 27 anos de idade.
O maior sucesso político do "Menhir", no entanto, veio em 2002, com 73 anos, quando ele chegou ao segundo turno na eleição presidencial da França, que perdeu para o conservador Jacques Chirac após uma mobilização maciça contra ele.
Após cinco tentativas, ele entregou as rédeas do partido em 2011 para sua filha Marine Le Pen, que o renomeou em 2018 como Reagrupamento Nacional (RN) e trabalhou para moderar a imagem do partido. Em 2017 e 2022, ela chegou ao segundo turno das eleições, sendo derrotada por Macron nas duas ocasiões.
No entanto, as relações entre pai e filha nem sempre foram cordiais. Marine o expulsou do partido em 2015, depois que seu pai considerou o Holocausto um "detalhe" da história na Segunda Guerra Mundial.
Ao longo de sua vida, esse orador excepcional foi condenado em várias ocasiões por suas polêmicas declarações xenofóbicas, racistas e homofóbicas, especialmente por negar crimes contra a humanidade.
A "luta" contra Jean-Marie Le Pen "acabou", mas "a luta contra o ódio, o racismo, a islamofobia e o antissemitismo [...] continua", escreveu o veterano líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, no X.
Após a morte de Le Pen, centenas de opositores se reuniram em várias cidades do país para comemorar sua morte. "Este imundo racista está morto", dizia um cartaz em Paris.
O ministro do Interior da França, Bruno Retailleau, afirmou no X que estas manifestações de comemoração são "vergonhosas".
- Convicções nacionais -
Nascido na cidade portuária de La Trinité sur Mer, no oeste da França, em 20 de junho de 1928, Jean-Marie Le Pen participou das guerras coloniais francesas na Argélia, onde foi acusado de torturas - o que ele negou - e no Vietnã.
"Tendo servido no Exército francês na Indochina e na Argélia, [...] ele sempre esteve a serviço da França e defendeu sua identidade e soberania", escreveu o presidente do RN, Jordan Bardella, no X.
Nos últimos anos, ele fez menos aparições públicas devido à sua saúde debilitada. Em 2024, a Justiça nomeou suas três filhas - Marine, Marie-Caroline e Yann - como suas mandatárias, um ano após um problema cardíaco em abril de 2023.
Em junho, a "profunda deterioração" de seu estado físico e psicológico, de acordo com um relatório médico, o impediu de comparecer como réu no julgamento contra seu partido pelo desvio de fundos públicos do Parlamento Europeu quando ele era deputado.
A extrema direita saudou o legado de um homem que "foi um dos primeiros a alertar sobre as ameaças existenciais" contra a França, nas palavras do político Éric Zemmour, e que "marcou sua época [...] por suas convicções nacionais", para Nicolas Dupont-Aignan.
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