EUA anuncia novas sanções contra petróleo e gás russos

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira (10) novas sanções contra o setor energético russo, para atingir "a maior fonte de financiamento do Kremlin" em sua guerra contra a Ucrânia.

A poucos dias da posse de Donald Trump, em 20 de janeiro, o Departamento do Tesouro detalhou uma série de sanções contra duas das maiores empresas russas do setor, a Gazprom e a Sourgoutneftegaz. 

Também mirou em cerca de 200 navios petroleiros e de transporte de gás que operam a partir da Rússia, considerados parte de uma "frota fantasma" de Moscou para escapar das sanções ocidentais. 

Algumas dessas embarcações navegam sob bandeira de Barbados ou do Panamá.

"Putin está em uma situação difícil agora, e acho que é realmente importante que ele não tenha margem de manobra para continuar fazendo as coisas horríveis que segue fazendo", afirmou o presidente americano Joe Biden na noite desta sexta-feira. 

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, elogiou a decisão dos Estados, pois supõe "um golpe significativo à base financeira da máquina de guerra da Rússia".

As medidas foram tomadas em cooperação com o Reino Unido, segundo o governo americano. Londres também sancionou as duas empresas, "que produzem mais de 1 milhão de barris de petróleo por dia, ou cerca de 23 bilhões de dólares anuais ao preço atual" do barril.

Segundo funcionários do alto escalão do governo americano, as sanções são as mais importantes contra o setor energético russo. As medidas foram tomadas para dar aos Estados Unidos mais margem de manobra para alcançar "uma paz justa" entre Ucrânia e Rússia, disseram as fontes.

"Os Estados Unidos estão tomando medidas enérgicas contra uma importante fonte de receita para a Rússia", com a qual o país "financia sua guerra brutal e ilegal contra a Ucrânia", resumiu, em comunicado, a secretária do Tesouro Janet Yellen.

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"Essas sanções atingem duramente todos os elos-chave da cadeia de produção e distribuição do petróleo russo", afirmou Daleep Singh, conselheiro adjunto de Segurança Nacional da Casa Branca para economia internacional.

"Atacar as empresas de petróleo vai esvaziar o cofre de guerra da Rússia e cada rublo que tirarmos das mãos de Putin vai contribuir para salvar vidas ucranianas", expressou o chanceler britânico, David Lammy.

Filial da gigante Gazprom, a Gazprom Neft considerou a decisão "injustificada e ilegítima", segundo agências de notícias russas.

As medidas impulsionaram a cotação do petróleo.

O barril de tipo Brent para entrega em março valorizou 3,69% em Londres, alcançando 79,76 dólares, e chegou a ultrapassar os 80 dólares durante o dia. Já o barril de tipo West Texas Intermediate (WTI), negociado nos Estados Unidos com vencimento em fevereiro, subiu 3,58%, alcançando 76,57 dólares.

"Isso acontece ao mesmo tempo em que os portos chineses se recusam a carregar petroleiros do 'mercado cinza', ou seja, navios suscetíveis de transportar petróleo sujeito a sanções dos Estados Unidos", resumiu Andy Lipow, da Lipow Oil Associates.

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"Essas duas ações retiram petróleo do mercado ou limitam a capacidade do petróleo de alcançar o mercado, reduzindo assim a oferta", explicou o analista ao justificar o aumento das cotações.

- Sanções amplas -

Além dos produtores e embarcações, as medidas americanas miram no conjunto do setor, incluindo intermediários, prestadores de serviço em campos de petróleo e autoridades políticas.

Dessa forma, empresas americanas que prestam serviços especializados no setor de petróleo terão que deixar de fornecê-los às duas empresas russas. As medidas atingem em particular companhias que fornecem serviços de assistência à extração e à produção de produtos petrolíferos.

As sanções foram condenadas pela Rosatom, a corporação estatal de energia atômica russa.

"As sanções são vistas como um elemento de concorrência desleal por parte de Estados não amistosos", indicou a empresa em um comunicado publicado por várias agências russas.

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Segundo o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, a decisão entra em vigor no próximo dia 27. As sanções se somam a medidas semelhantes já tomadas, entre elas o teto de preços para o petróleo russo, estabelecido em dezembro de 2022.

Além disso, os Estados Unidos deixam as portas abertas para sancionar qualquer pessoa "que deseje operar ou tenha operado no setor energético russo".

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© Agence France-Presse

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