'HelloQuitX': pesquisadores franceses facilitam êxodo de usuários do X

Pesquisadores franceses desenvolveram um aplicativo que ajuda os usuários do X a migrar para outras redes sociais sem perder seus contatos, um êxodo que eles pretendem consumar coletivamente em 20 de janeiro, o dia da posse de Donald Trump.

"Muitos usuários são reféns de seu público no X", disse à AFP David Chavalarias, matemático do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS, na sigla em francês) que criou o conceito 'HelloQuitteX'.

Renomeado internacionalmente como "HelloQuitX", seu site, que tem versões em inglês, espanhol, alemão e italiano, entre outros, explica o processo de saída da rede social de Elon Musk, descrita como uma "máquina de manipulação de opinião".

O objetivo é facilitar a transição coletiva para outras redes sociais, como Bluesky ou Mastodon, já que alguns usuários "não se atrevem a sair por medo de perder suas fontes ou seu público", diz Chavalarias.

Nas últimas semanas, os anúncios do abandono do X por instituições, ministérios, personalidades e outros se multiplicaram em todo o mundo.

Na França, o renomado Instituto Pasteur, dedicado à pesquisa de doenças infecciosas, anunciou nesta quinta-feira (16) que estava deixando a plataforma americana, juntamente com outras 80 associações.

As últimas, que incluem organizações ambientais como o Greenpeace França, organizações de ajuda a migrantes como a Cimade e de direitos humanos, denunciam "a ausência de moderação" e algoritmos que "favorecem a proliferação de conteúdo de ódio".

- "Processo complexo" -

O "HelloQuitX", cujo nome é uma brincadeira com a marca japonesa "Hello Kitty", tem como objetivo ajudar os usuários do X a "migrar suas comunidades" para o Bluesky e o Mastodon, que são considerados "mais compatíveis com a privacidade e a liberdade de expressão", de acordo com seus criadores.

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Para isso, eles devem recuperar seus arquivos pessoais no X e carregá-los no site "HelloQuitX", desenvolvido por uma equipe de 30 pessoas. O CNRS se compromete a excluir todos os dados depois.

De acordo com o criador do conceito, mais de 5.000 organizações se inscreveram na primeira semana.

"Mudar de plataforma é sempre um processo complexo", diz o pesquisador de comunicação alemão Jakob Jünger, que considera a iniciativa "muito interessante", embora "sempre haja o risco de não encontrar o mesmo conteúdo".

Para Chavalarias, autor de um livro sobre "como as redes sociais manipulam a opinião", "o X se tornou muito perigoso para os indivíduos e para a democracia".

"Essa rede não é mais neutra. É incompatível com o debate público saudável", acrescenta o pesquisador, para quem a proporção de conteúdo de extrema direita e "tóxico" aumentou desde sua compra por Musk em 2022.

Vários estudos recentes observaram essa tendência de maior visibilidade do conteúdo de direita, em detrimento do conteúdo democrata ou de esquerda.

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- Facebook na mira -

O "HelloQuitX" não é o primeiro movimento de abandono que a plataforma registrou. Várias ondas de migrações digitais já ocorreram em 2022 e após a reeleição de Trump como presidente dos EUA em novembro.

A escolha do dia de sua posse para consumar o êxodo do X busca enfatizar o vínculo entre os dois bilionários, especialmente porque Trump nomeou Musk para chefiar a "eficiência governamental".

Nas últimas semanas, o proprietário do X usou sua rede social para atacar vários líderes europeus, incluindo o líder trabalhista britânico Keir Starmer e o social-democrata alemão Olaf Scholz, e para apoiar partidos de extrema direita, como o AfD da Alemanha.

Diante das acusações de disseminar desinformação e de não alocar recursos suficientes para moderar as discussões na plataforma, Musk defende uma visão radical da liberdade de expressão e rejeita todas as formas de censura.

Recentemente, o fundador da Meta, Mark Zuckerberg, seguiu os passos de Musk ao introduzir mudanças em sua política de moderação, aumentando os temores de uma reação contra discursos de ódio ou assédio a minorias.

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Isto pode levar a um novo êxodo digital, de acordo com Chavalarias. "O Facebook seria o próximo passo se continuar com sua ideologização", diz ele.

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© Agence France-Presse

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