Brasil se junta a fórum da Opep para cooperar em energia
O Brasil anunciou nesta terça-feira (18) a sua adesão a um fórum da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados no qual se discutem temas energéticos, uma decisão que gerou críticas de organizações ambientais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia anunciado em dezembro de 2023 uma participação do maior produtor latino-americano de petróleo na Opep+, mas os detalhes sobre o teor da relação não tinham sido formalizados.
A Opep+ é formada pelos 12 membros da Opep e outros dez produtores de petróleo, liderados pela Rússia.
Ao aderir à Carta de Cooperação entre Países Produtores de Petróleo (CoC) da Opep e Opep+, o Brasil "pode promover discussões sobre o uso de tecnologias limpas e alternativas para o financiamento de projetos de descarbonização", afirmou o Ministério de Minas e Energia em nota.
O papel do Brasil na CoC será consultivo, e o país não vai contribuir na estratégia de cotas de produção dos maiores exportadores mundiais de hidrocarbonetos.
"Diferente da Opep e da Opep+, a carta não tem compromisso com cortes de produção ou regulação de preços, consistindo em um fórum de discussão sobre temas relacionados à transição energética e avanços tecnológicos", disse à AFP um porta-voz do Ministério de Minas e Energia.
Isso não diminuiu as críticas de ONGs ambientalistas, como a rede Observatório do Clima.
Este anúncio é "mais um prego no caixão da transição energética" no Brasil, disse a ONG em comunicado.
O governo Lula se prepara para receber a COP30 das Nações Unidas sobre o clima em novembro em Belém do Pará.
Mas enfrenta críticas de grupos ambientalistas por pressionar pela exploração de petróleo na Margem Equatorial, um área marinha próxima da foz do rio Amazonas.
Nos últimos anos, o Brasil viu-se muito afetado por eventos climáticos extremos, desde inundações a secas e incêndios, vinculados por muitos especialistas com o aquecimento global.
Atualmente, uma onda de calor sufoca várias partes do país, como Rio de Janeiro e São Paulo.
"Continuar a abrir novas áreas de exploração de fósseis em meio ao calorão que estamos sentindo, ao aumento de eventos extremos em todo a parte do planeta, denota negacionismo", disse Suely Araújo, do Observatório del Clima.
O Brasil também aderiu à Agência Internacional de Energia (AIE) e à Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA).
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© Agence France-Presse
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