Trump ameaça impor tarifas de 200% sobre champanhe e vinho da UE
Donald Trump ameaçou nesta quinta-feira (13) a França e outros países da UE com a aplicação de tarifas de 200% sobre vinho, champanhe e outras bebidas alcoólicas caso Bruxelas imponha tarifas alfandegárias de 50% ao uísque americano.
A União Europeia informou na quarta-feira sua intenção de impor tarifas sobre uma série de produtos dos Estados Unidos, incluindo bourbon, motocicletas e barcos, em retaliação aos 25% aplicados por Washington sobre o aço e o alumínio, que entraram em vigor no mesmo dia.
As tarifas europeias começariam a ser aplicadas em 1º de abril, véspera das chamadas tarifas alfandegárias "recíprocas" com as quais Trump ameaça.
"Se não retirarem imediatamente a tarifa, os Estados Unidos muito em breve imporão uma tarifa de 200% sobre todos os vinhos, champanhe e produtos alcoólicos provenientes da França e de outros países da UE", escreveu Trump em sua rede Truth Social.
- "Não cederá de jeito nenhum" -
Mais tarde, ele declarou a jornalistas que "não cederá de jeito nenhum" em sua política tarifária, "nem no alumínio, nem no aço, nem nos automóveis". "Fomos enganados durante anos e não vamos mais ser enganados", afirmou.
Desde terça-feira, os Estados Unidos impõem um acréscimo de 25% sobre o aço e o alumínio que entram no país, o que provocou retaliações de vários países e da UE.
O Canadá anunciou nesta quinta-feira que apresentou uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC), argumentando que as tarifas contradizem "as obrigações dos Estados Unidos" em matéria de comércio internacional.
Os exportadores franceses de vinhos e destilados reagiram dizendo que estão "fartos de serem sacrificados sistematicamente" por questões que lhes são alheias e que esperam que "a Comissão Europeia demonstre um pouco de realismo".
O ministro do Comércio Exterior da França, Laurent Saint-Martin, garantiu que o país segue "determinado a responder" e lamentou "a guerra comercial que [Donald Trump] escolheu travar".
O anúncio da Comissão Europeia de impor tarifas de retaliação "fortes, mas proporcionais" sobre uma série de produtos importados dos Estados Unidos preocupa os produtores de destilados.
Eles querem que a UE e os Estados Unidos deixem o setor "fora de suas disputas". A Casa Branca, no entanto, ignorou seus apelos.
- Europa protegida até agora -
Um acordo transatlântico de 1997 eliminou as barreiras alfandegárias entre Washington e Bruxelas. Segundo o setor, isso permitiu um crescimento de 450% no comércio até 2018, quando a administração Trump lançou sua primeira guerra comercial.
Os Estados Unidos representam o maior mercado internacional para bebidas alcoólicas.
As vendas francesas cresceram 5% em 2024, alcançando 3,8 bilhões de euros, especialmente com as exportações de vinho e conhaque, segundo a Federação Francesa de Exportadores de Vinhos e Destilados.
A grande maioria das bebidas alcoólicas provenientes da Europa entra nos Estados Unidos sem impostos, sendo aplicada apenas uma taxa de 2% sobre vinhos espumantes, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Em 2024, no entanto, os destilados sofreram as consequências de uma investigação antidumping iniciada pela China contra os aguardentes produzidos na UE, incluindo o conhaque e o armagnac.
Essas retaliações comerciais provocaram uma queda de 25% nas exportações para China, Hong Kong e Singapura.
Desde que retornou à Casa Branca em janeiro, o presidente americano tem usado as tarifas como ferramenta de pressão para obter acordos, como meio de proteger alguns setores industriais e como fonte de receita fiscal para o governo federal.
Até agora, Canadá, México e China, os três principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, foram os alvos de Trump.
O republicano impôs uma tarifa de 25% sobre produtos canadenses e mexicanos, com isenções até 2 de abril para produtos contemplados no Tratado México-Estados Unidos-Canadá (T-MEC).
Os bens chineses estão sujeitos a um acréscimo de 20% sobre as tarifas que já pagavam antes do início do segundo mandato de Trump.
Embora tenha ameaçado atacar o comércio entre Europa e Estados Unidos, o republicano ainda não tomou nenhuma medida contra produtos europeus.
Ele planejava fazê-lo em 2 de abril com as chamadas tarifas "recíprocas". A ideia é taxar os produtos de um país ao entrarem nos Estados Unidos no mesmo nível que esse país aplica nas alfândegas aos bens americanos.
ube-els/cyb/erl/dga/jc/aa/am
© Agence France-Presse
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.