Papa terá alta no domingo e deve fazer sua primeira aparição ao final do Angelus
O papa Francisco, internado desde 14 de fevereiro por uma pneumonia dupla, voltará no domingo à sua residência no Vaticano, onde terá uma recuperação de "pelo menos dois meses", anunciou um de seus médicos na noite deste sábado (22).
"Amanhã o papa voltará à residência de Santa Marta", onde mora o pontífice de 88 anos, disse o doutor Sergio Alfieri durante uma coletiva de imprensa no hospital Gemelli, de Roma. Ele terá que passar por "uma longa convalescença" de "pelo menos dois meses", acrescentou.
Relacionadas
A alta de Francisco, hospitalizado desde 14 de fevereiro e cujo estado de saúde melhorou gradativamente nas últimas semanas, era aguardada com impaciência diante das dúvidas crescentes sobre sua capacidade para retomar suas atividades.
"Os progressos são feitos em casa porque o hospital, embora pareça estranho, é o pior lugar para uma convalescença: é o lugar onde se contrai mais infecções", explicou Alfieri.
O estado de saúde do papa "está melhorando" e "esperamos que em breve possa retomar suas atividades normais", afirmou o doutor Luca Carbono, outro membro da equipe médica que acompanha o pontífice.
No entanto, Alfieri relativizou a declaração do colega. "A convalescença é, por definição, um período de recuperação, por isso é evidente que durante o período de convalescença, [o papa] não poderá manter suas habituais entrevistas diárias".
- Primeira aparição pública -
Este é um esclarecimento importante, visto que o santo padre tem adotado até agora um ritmo fenético de trabalho, encadeando reuniões e celebrações religiosas, sem parar de viajar.
Antes de deixar seu quarto no décimo andar do hospital, Francisco saudará e dará sua bênção aos fiéis da janela do Gemelli ao meio-dia, "ao final [da oração semanal] do Angelus, que será publicada por escrito, como nas últimas semanas", informou o serviço de imprensa da Santa Sé.
Esta será a primeira aparição pública do papa desde que foi internado. Durante sua hospitalização, o Vaticano publicou apenas uma foto de Jorge Bergoglio.
Francisco não conduz a oração do Angelus desde 9 de fevereiro. Desde então, faltou à cerimônia por cinco semanas consecutivas, algo sem precedentes desde sua eleição, em março de 2013.
O Angelus é normalmente pronunciado publicamente todo domingo ao meio-dia pelo papa de uma janela do Palácio Apostólico com vista para a Praça de São Pedro, onde os fiéis se reúnem para vê-lo e ouvi-lo.
Às portas do hospital, vários fiéis entrevistados pela AFPTV comemoraram a oportunidade de finalmente rever o papa.
"Esta notícia me deixa muito feliz. Sou pessoalmente muito próxima deste papa (...) Então, vê-lo é maravilhoso, e acho que também é maravilhoso para todos os fiéis e todos aqueles que o amam", disse Paola Camicia, uma funcionária pública que vive em Roma.
Ilka Carpio, outra admiradora do papa que nasceu na Venezuela e mora na Toscana, chamou o anúncio de "uma notícia realmente fantástica".
"Mal posso esperar que o papa possa ir embora porque ainda precisamos de suas palavras", acrescentou.
O anúncio da alta e da reaparição pública no domingo ocorre depois que o Vaticano relatou nos últimos dias uma melhora na saúde do pontífice, após a pneumonia dupla que levou à sua hospitalização e gerou temores de que sua vida estivesse em perigo.
A doença do papa e sua longa hospitalização levantaram dúvidas sobre quem poderia conduzir a ampla agenda de eventos religiosos que antecedem a Semana Santa, o período mais sagrado do calendário cristão.
O Vaticano disse na quarta-feira que nenhuma decisão foi tomada sobre o assunto.
Francisco é propenso a doenças respiratórias e teve parte do pulmão removido quando era jovem.
- Nova diocese no Paraguai -
Antes do anúncio da alta, o Vaticano informou que o papa criou a nova diocese de Caazapá, no Paraguai, e nomeou o monsenhor Marcelo Benítez Martínez como seu primeiro bispo.
A nova diocese foi separada da de Villarrica del Espíritu Santo. Até agora, seu novo bispo era o vigário para o Paraguai da Província da Assunção da Bem-Aventurada Virgem, informou a Santa Sé em um comunicado.
Em 26 de fevereiro, quando seu estado era "crítico", o papa autorizou, de seu leito de hospital, a canonização do "médico dos pobres" José Gregorio Hernández, que se tornará o primeiro santo da Venezuela, gerando alegria e esperança entre os fiéis, que organizaram correntes de oração em todo o mundo por sua rápida recuperação.
glr-cmk/acc/meb/jc/mvv
© Agence France-Presse