Corais sofrem branqueamento recorde na Austrália, diz ONG
Corais de um recife na costa oeste da Austrália sofreram um branqueamento recorde devido a uma onda de calor marinha que literalmente os "cozinhou", alertou uma ONG local nesta quarta-feira (26).
O recife de Ningaloo, incluído na lista de patrimônio mundial da Unesco e conhecido como um área de concentração sazonal de tubarões, registrou neste verão uma degradação "sem precedentes" desde 2011, segundo estimativas citadas pela oceanógrafa Kate Quigley, da ONG Minderoo Foundation.
"O calor do oceano literalmente cozinhou os corais este ano", disse a especialista à AFP.
Embora a extensão total dos danos neste recife de 300 km ainda não tenha sido determinada, os dados iniciais mostram uma deterioração significativa.
O dano "é profundo, não é apenas a parte superior do recife que está sofrendo branqueamento. E várias espécies de corais estão branqueando", enfatizou a cientista.
O episódio é parte de um quarto ciclo de branqueamento mundial de corais que começou em 2023.
"De 1º de janeiro de 2023 a 20 de março de 2025, o estresse por calor que causa o branqueamento impactou 83,6% dos recifes do mundo", o que afetou 81 países, declarou à AFP Derek Manzello, do Agência Nacional de Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).
Acima de um limite crítico, o aumento da temperatura da superfície do oceano causa o branqueamento dos corais, o que pode levar à sua morte.
Na prática, o aumento das temperaturas faz com que os pólipos de corais desapareçam, deixando apenas o esqueleto calcário desses superorganismos.
Este ano, o branqueamento também afetou pontualmente a Grande Barreira de Corais, na costa leste da Austrália, segundo dados do governo.
O branqueamento simultâneo desses dois recifes, localizados a milhares de quilômetros de distância um do outro e pertencentes a diferentes modelos climáticos, é um fenômeno incomum, segundo Quigley.
"O aquecimento dos oceanos é tão significativo que está sobrepondo especificidades locais em alguns lugares", disse a especialista, que classificou a situação de "extremamente preocupante".
A Grande Barreira de Corais sofreu cinco eventos de branqueamento em massa nos últimos anos: em 2016, 2017, 2020, 2022 e 2024.
Muito frágeis, os recifes de corais abrigam uma rica fauna e protegem o litoral, atuando como quebra-mares.
Em 2024, temperaturas recordes foram registradas em todo o mundo, em um contexto de mudança climática ligada à atividade humana.
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© Agence France-Presse
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