Conteúdo publicado há 1 mês

Bombardeios israelenses deixam 40 mortos, Hamas rejeita proposta de trégua

O movimento islamista palestino Hamas rejeitou nesta quinta-feira (17) a proposta israelense de trégua em Gaza e exigiu um acordo "completo" para encerrar a guerra, após novos bombardeios que mataram pelo menos 40 pessoas, entre elas crianças.

O principal negociador do Hamas declarou que o movimento palestino não aceitará um acordo "parcial" de cessar-fogo em Gaza.

"Os acordos parciais são usados por [o primeiro-ministro israelense] Benjamin Netanyahu como cortina de fumaça para sua agenda política", afirmou Jalil al Hayya em uma declaração televisionada. "E não seremos cúmplices disso", acrescentou.

Ele afirmou ainda que o movimento islamista "busca um acordo integral (...) em troca do fim da guerra" e que está pronto para "um acordo completo".

O movimento palestino havia recebido no domingo, por meio de mediadores egípcios, uma proposta israelense de trégua em Gaza.

Um responsável, que falou sob condição de anonimato, disse que a proposta israelense também menciona o "fim permanente da guerra", algo que Israel condiciona ao desarmamento do Hamas ? o que constitui "uma linha vermelha inegociável" para o movimento.

"A resistência e suas armas estão ligadas à presença da ocupação israelense. São um direito natural do nosso povo, como o são para todos os povos que vivem sob ocupação", reiterou Jalil al Hayya nesta quinta-feira.

Israel ainda não se pronunciou sobre sua proposta de trégua.

- "Mulheres e crianças mortas" -

Foram registrados "pelo menos 16 mortos, incluindo mulheres e crianças, após um bombardeio direto de dois mísseis israelenses contra várias tendas que abrigavam famílias de deslocados, na área de Al Mawasi, em Khan Yunis", no sul da Faixa, declarou à AFP o porta-voz da Defesa Civil, Mahmud Bassal.

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Um pai e seu filho também morreram em um ataque contra uma área de deslocados, perto de Al Mawasi, acrescentou o porta-voz.

Imagens da AFP mostram tendas incendiadas na área de Al Mawasi após os bombardeios e integrantes da Defesa Civil tentando apagar as chamas.

O exército israelense intensificou os bombardeios e ampliou as operações terrestres no território palestino desde a retomada da ofensiva em 18 de março, que pôs fim a dois meses de trégua na guerra entre Israel e o Hamas.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acredita que uma pressão militar intensa forçaria o movimento islamista palestino a entregar os reféns sequestrados durante o ataque do Hamas em Israel de 7 de outubro de 2023.

O ataque desencadeou a guerra na Faixa de Gaza, onde Israel lançou uma ofensiva de represália que deixou dezenas de milhares de mortos, deslocou a maioria dos 2,4 milhões de habitantes e provocou uma grave crise humanitária.

- "Fome como arma" -

Outro bombardeio contra outra tenda de deslocados em Beit Lahia, no norte, deixou sete mortos, afirmou Bassal.

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Um ataque contra um abrigo improvisado em Jabaliya, no norte, matou pelo menos sete integrantes da mesma família, informou a Defesa Civil em um comunicado separado, que também menciona seis mortes em uma escola utilizada como refúgio.

A agência também informou que dois palestinos morreram em ataques de artilharia israelense no bairro de Shujaiya, na Cidade de Gaza.

Após o ataque de 7 de outubro de 2023, Netanyahu prometeu destruir o Hamas, que chegou ao poder em 2007 na Faixa de Gaza e é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e UE.

O governo israelense busca o desarmamento do movimento e que seus combatentes abandonem o território, fronteiriço com o sul de Israel, o que o Hamas rejeita.

Em uma demonstração da pressão mais intensa, o Exército israelense anunciou na quarta-feira que transformou 30% do território em uma "zona de segurança", o que impede a permanência da população palestina na região.

Israel mantém o bloqueio da entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza desde 2 de março, apesar das críticas internacionais.

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O Hamas denunciou que Israel utiliza "a fome como arma" de guerra e 12 ONGs alertaram, em um comunicado conjunto, que a ajuda está "ameaçada por um colapso total".

O emir do Catar, Tamim bin Hamad al Thani, cujo país atua como mediador no conflito ao lado de Egito e Estados Unidos, afirmou em uma visita a Moscou que Israel "não respeitou" a trégua em Gaza.

O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel deixou 1.218 mortos do lado israelense, a maioria civis, segundo dados oficiais. Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 58 seguem retidas em Gaza, das quais 34 estão mortas, segundo o Exército israelense.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza afirma que pelo menos 1.691 palestinos morreram desde 18 de março, o que eleva a 51.065 o número de falecidos desde o início das represálias israelenses.

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© Agence France-Presse

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