Deportado dos EUA por engano se reúne com senador americano em El Salvador

O imigrante salvadorenho Kilmar Ábrego García, deportado por engano pelo governo de Donald Trump, se reuniu com o senador democrata americano Chris Van Hollen no que parece ser um restaurante, segundo fotos publicadas nesta quinta-feira (17) na rede X pelo congressista e pelo presidente Nayib Bukele.

Ábrego havia sido levado em 16 de março à prisão de segurança máxima construída em El Salvador por Bukele para membros de gangues, onde foram detidos cerca de 280 venezuelanos e salvadorenhos expulsos por Trump, acusados de serem criminosos.

Nas imagens divulgadas nesta quinta-feira, Ábrego aparece vestindo uma camisa xadrez e um boné enquanto está sentado à mesa com Van Hollen.

"Eu disse que meu principal objetivo nesta viagem era me reunir com Kilmar. Esta noite tive a oportunidade. Liguei para sua esposa, Jennifer, para transmitir sua mensagem de carinho", afirmou o senador no X.

Ao publicar também uma foto do encontro, Bukele zombou: "Kilmar Ábrego García, milagrosamente ressuscitado dos 'campos de extermínio' e da 'tortura', agora tomando margaritas com o senador Van Hollen no paraíso tropical de El Salvador!".

O governo Trump acusa Ábrego de pertencer à gangue MS-13, declarada "organização terrorista" por Washington. Mas não apresentou provas. Ábrego é casado com uma cidadã americana. Ele foi preso nos Estados Unidos em 12 de março e expulso três dias depois para El Salvador junto a outras 230 pessoas.

Washington reconheceu perante um tribunal que sua expulsão foi um "erro administrativo". Uma juíza americana ordenou seu retorno aos Estados Unidos, mas ambos os governos se recusam a agir.

Buraco negro

A deportação para El Salvador de imigrantes detidos nos Estados Unidos e seu encarceramento em uma megaprisão para membros de gangues cria "um buraco negro" sem proteções legais, alertam defensores dos direitos humanos preocupados com a aliança anti-imigração entre os dois países.

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"O que se está tentando criar aqui é uma Guantánamo com esteroides (...) um buraco negro onde não haja proteção legal para as pessoas que lá se encontram, e isso é gravíssimo", advertiu à AFP o subdiretor para as Américas da ONG Human Rights Watch (HRW), Juan Pappier.

Pelo menos 265 imigrantes, em sua grande maioria venezuelanos, foram deportados pelos Estados Unidos para El Salvador desde março e encarcerados no Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot).

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