ONU: mais de 1.600 assassinatos no Haiti entre janeiro e março, a maioria membros de gangues

Mais de 1.600 pessoas, em sua maioria integrantes de gangues, foram assassinadas no Haiti durante os três primeiros meses de 2025, quando os grupos criminosos intensificaram sua ofensiva territorial, anunciou a ONU nesta quarta-feira (30). 

Entre 1º de janeiro e 31 de março, "1.617 pessoas morreram e 580 ficaram feridas como consequência da violência da qual gangues, grupos de autodefesa e membros não organizados da população participaram, assim como durante operações das forças de segurança", segundo o relatório trimestral da missão política da ONU no país (BINUH, em sua sigla em inglês). 

Esses números representam uma queda em relação ao trimestre anterior (1.741 mortes de outubro a dezembro) e ao primeiro trimestre de 2024 (2.505 mortes), mas a intensidade da violência não é necessariamente linear com os números, variando de acordo com ataques de gangues e operações policiais. 

"Entre janeiro e março de 2025, apesar do alto número de mortos entre suas fileiras (936 indivíduos), as gangues intensificaram seus esforços para expandir seu controle territorial dentro e ao redor da área metropolitana de Porto Príncipe", diz o relatório. 

"Se concentraram particularmente em bairros como Delmas 30 e Carrefour Feuilles, que, se capturados, facilitariam sua passagem para Pétion-Ville, uma das últimas áreas não afetadas pelo controle de gangues" e que abriga embaixadas, bancos e outras instituições. 

No final de março, as gangues também lançaram "ataques violentos" contra as cidades de Mirebalais e Saut-d'Eau, no departamento do Centro, para "controlar o acesso à fronteira com a República Dominicana em um trecho de quase 70 quilômetros".

A ONU também destacou que "três dinâmicas de violência e abuso se consolidaram" e surgiram claramente em 2024: violência diretamente ligada à atividade de gangues criminosas (responsável por 35% dos mortos e feridos), operações policiais contra gangues e "execuções envolvendo" policiais (56% dos mortos e feridos) e ações violentas de grupos de justiceiros, particularmente o movimento de justiça popular conhecido como Bwa Kalé (9% dos mortos e feridos).

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© Agence France-Presse

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