Luto no Equador pela morte de militares em emboscada de guerrilheiros colombianos
O presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou três dias de luto nacional neste sábado (10) pela morte de 11 militares em uma emboscada atribuída a uma dissidência colombiana das Farc na Amazônia equatoriana, informou a Presidência.
A violência na fronteira colombo-equatoriana está subindo devido à presença de grupos armados e atividades como o narcotráfico e a crescente mineração ilegal.
Os militares realizavam operações contra o garimpo ilegal na floresta quando foram atacados com explosivos, granadas e fuzis pelo grupo Comandos da Fronteira, que negocia a paz com o governo da Colômbia.
"Encontraremos os responsáveis e acabaremos com eles", escreveu Noboa no X, sem mencionar a emboscada ocorrida na região do Alto Punino, na província de Orellana, na fronteira com o Peru.
O confronto também deixou um soldado ferido e um integrante dessa dissidência morto, segundo o Exército equatoriano.
O luto nacional se estenderá de 10 a 12 de maio, "em homenagem a estes soldados que deram a vida na defesa do bem-estar e da segurança do país", assinalou a Presidência em um comunicado.
Ainda segundo a nota, os militares mortos foram declarados heróis nacionais e "este crime não ficará impune".
- Famílias de luto -
Entre lágrimas e abraços, alguns familiares dos soldados foram esperar por informações sobre a entrega dos corpos na unidade forense de Lago Agrio, região fronteiriça com a Colômbia.
A Jorge Alvarado, pai de Jefferson Iván Alvarado, foi comunicado que seu filho estava na lista dos falecidos no meio da noite. Sua família esperou por horas até que os legistas terminassem seu trabalho.
"Pedimos que sejam feitas investigações e que se encontre o paradeiro dos criminosos", disse à AFP Germán Fernando, parente de um tenente vítima do ataque. Afirmou estar "sofrendo" mas "orgulhoso" por sua morte em serviço ao Equador.
A Promotoria equatoriana confirmou na rede social X que os corpos serão entregues em Quito, onde será feita uma homenagem e velório às vítimas em uma escola militar da capital. A entidade investigará o crime como um ato de "terrorismo".
- Alerta na fronteira -
O ataque incomum ocorreu em meio ao aumento da violência nos dois países, devido ao tráfico crescente de cocaína produzida na Colômbia e exportada pelos portos equatorianos para os Estados Unidos e a Europa.
Após expressar solidariedade ao país vizinho, o Exército colombiano assegurou que está "em alerta máximo" na fronteira.
"Ordenei a nossas unidades na região de fronteira que se mantenham em alerta máximo e deem toda a cooperação necessária", disse Luis Emilio Cardozo, comandante do Exército colombiano.
Os Comandos da Fronteira negaram sua relação com o ataque, segundo meios de comunicação colombianos.
O grupo dissidente dialoga com o governo do esquerdista Gustavo Petro sem alcançar maiores acordos.
Na região onde ocorreu a emboscada, além dos Comandos da Fronteira, operam as quadrilhas equatorianas Los Choneros, Los Lobos, Los Tiguerones e o brasileiro Comando Vermelho, segundo o coronel reformado Mario Pazmiño, ex-chefe de Inteligência do Exército.
Relacionadas com cartéis do México e da Colômbia, as quadrilhas se enfrentam entre si pelo controle das rotas.
O garimpo ilegal no rio Punino, na região do ataque, quadruplicou em 2024. Nesse mesmo ano, as comunidades da região denunciaram a presença de dissidências colombianas das Farc e seus vínculos com garimpeiros ilegais.
Grupos como os Comandos da Fronteira se tornaram uma das principais ameaças para a segurança fronteiriça do país andino, onde desde o início do ano é registrado um homicídio por hora.
Apesar da política de linha-dura contra o crime, implementada pelo presidente Daniel Noboa, o país tem a maior taxa de homicídios da América Latina.
De acordo com Noboa, há no Equador 40.000 membros de quadrilhas criminosas, quase o dobro dos 22.000 traficantes e insurgentes existentes na Colômbia, segundo dados oficiais.
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© Agence France-Presse
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