EUA alerta que Síria poderia estar a semanas de "guerra civil em grande escala"

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, advertiu nesta terça-feira (20) que a Síria pode estar a semanas de uma guerra civil de "proporções épicas" e pediu apoio ao governo de transição.

Os combatentes liderados por islamistas derrubaram, em dezembro, o ex-presidente Bashar al Assad em uma ofensiva relâmpago após uma brutal guerra civil iniciada em 2011.

Recentemente, o país tem sido palco de sangrentos ataques contra as minorias alauíta e drusa.

"Francamente, nossa avaliação é que as autoridades de transição, diante dos desafios que enfrentam, estão talvez a semanas, e não a muitos meses, de um possível colapso e de uma guerra civil em grande escala, de proporções épicas ? basicamente a divisão do país", declarou Rubio em uma audiência no Senado.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na semana passada, durante uma visita à Arábia Saudita, o fim das sanções da era Assad e se reuniu com o atual presidente de transição da Síria, Ahmed al Sharaa, que até pouco tempo figurava em uma lista de procurados pelos Estados Unidos por suas conexões jihadistas.

Rubio ironizou: "As figuras da autoridade transitória não passaram pela verificação de antecedentes do FBI", a polícia federal americana.

Mas acrescentou: "Se nos comprometermos com eles, pode ser que funcione, pode ser que não. Se não nos comprometermos, é garantido que não funcionará".

Rubio, que também se reuniu na quinta-feira na Turquia com o ministro das Relações Exteriores da Síria, culpou o legado de Assad ? um líder majoritariamente laico oriundo da comunidade alauíta ? pela recente onda de violência.

"Eles enfrentam uma profunda desconfiança interna no país, porque Assad deliberadamente colocou esses grupos uns contra os outros", disse Rubio.

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A Turquia ? um dos principais apoiadores dos combatentes islamistas que lutaram contra Assad, aliado do Irã e da Rússia ? e a Arábia Saudita haviam solicitado aos Estados Unidos uma mudança de rumo na política em relação à Síria.

Segundo Rubio, a principal razão para o levantamento das sanções é permitir que outros países possam prestar ajuda.

"As nações da região querem enviar ajuda, querem começar a ajudar, e não podem porque têm medo das nossas sanções", declarou.

De acordo com o chefe da diplomacia, Trump também prevê abrir mão da Lei César, que impôs sanções e restrições à Síria de Bashar al Assad.

Rubio explicou aos congressistas que provavelmente será necessário abandonar essa lei caso as isenções temporárias não sejam suficientes.

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Os países da União Europeia deram sinal verde nesta terça-feira para o levantamento de todas as sanções econômicas contra a Síria, incluindo aquelas que isolam as entidades financeiras sírias e congelam os ativos do banco central, mas mantêm as sanções impostas a indivíduos por fomentarem tensões étnicas.

O ministro das Relações Exteriores da Síria, Asad al Shaibani, aplaudiu nesta terça-feira o levantamento das sanções por parte dos Estados Unidos e de outras potências, pois, segundo ele, oferece "uma oportunidade muito importante e histórica para reconstruir" o país.

sct/st/erl/mar/am

© Agence France-Presse

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