AFP anuncia 'programa de economias' diante da persistente crise da mídia

A Agence France-Presse implementará um "programa de economias" de 12 a 14 milhões de euros (R$ 76,9 milhões a R$ 89,7 milhões) entre 2025 e 2026, devido a uma "deterioração duradoura" em suas perspectivas financeiras ligada à crise da mídia, anunciou seu presidente, Fabrice Fries, nesta sexta-feira (13).

"Vamos aplicar imediatamente um programa de economias de curto prazo" para "alcançar aproximadamente 2 milhões em economias" até o final de 2025, disse Fries em uma mensagem de vídeo divulgada internamente. 

Até 2026, "o ritmo será maior", pois será necessário "alcançar entre 10 e 12 milhões de euros em economias", continuou. 

Isso "só será possível se adaptarmos a nossa organização, nossas estruturas, nossos métodos operacionais (...), sem desacelerar nossos investimentos", declarou. 

"Esta é uma má notícia (...), mas sei que a agência tem os recursos", acrescentou. 

Ele explicou que, após sete anos de progresso contínuo, as "receitas comerciais" da AFP "diminuirão este ano", com quase 8 milhões de euros (R$ 51,2 milhões) a menos em comparação com o que estava previsto no orçamento.

Esse "retrocesso" tem várias razões. Primeiro, um "período de espera global associado ao medo de uma recessão". Depois, clientes cancelaram contratos devido à "pressão" exercida por "governos autoritários ou populistas".

Nesse sentido, Fries mencionou o fim do programa de verificação digital da Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp) nos Estados Unidos, do qual a AFP participava, e a "interrupção abrupta" do contrato com a rádio pública Voice of America, que o governo Trump quer desmantelar. 

Outra explicação para a queda na receita: a AFP "certamente superestimou" sua "capacidade de fazer com que os atores de tecnologia reconheçam e remunerem" sua "propriedade intelectual" sobre seus conteúdos. 

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De modo geral, essa "deterioração duradoura" é, segundo Fries, consequência da saúde precária dos veículos de comunicação clientes da AFP, abalados pelas constantes mudanças no cenário digital. 

A isso se somam "os avanços surpreendentes da inteligência artificial". 

Em 2024, a AFP teve um lucro líquido de 200.000 euros (aproximadamente R$ 1,28 milhão, na cotação da época) e um faturamento de 326,4 milhões de euros (aproximadamente R$ 2,1 bilhões).

Além de suas receitas comerciais, a agência recebe uma compensação do governo francês pelos custos associados às suas missões de interesse geral (118,9 milhões de euros em 2024, equivalente a R$ 765 milhões na cotação da época). 

A AFP é uma das três maiores agências de notícias do mundo, juntamente com a AP e a Reuters. Emprega 2.600 colaboradores de 100 nacionalidades e fornece informações em seis idiomas. 

A agência tem um status único: não é uma empresa pública, mas não possui acionistas, e seus clientes, incluindo o Estado francês, fazem parte do seu conselho de administração.

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© Agence France-Presse

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