Ex-advogada de 'El Chapo' deve assumir como juíza eleita no México

Uma ex-advogada do narcotraficante mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán conquistou votos suficientes para liderar um tribunal criminal de uma cidade mexicana na fronteira com os Estados Unidos, segundo os resultados finais de uma eleição judicial inédita, divulgados nesta terça-feira (17).

Com participação muito baixa, os mexicanos elegeram em 1º de junho todos os seus juízes em uma votação sem precedentes no mundo, que gerou dúvidas sobre a independência do Judiciário em relação aos partidos políticos e ao crime organizado.

Silvia Delgado, que defendeu o fundador do violento Cartel de Sinaloa antes da sua extradição para os Estados Unidos em 2017, onde ele cumpre prisão perpétua, candidatou-se a uma vaga de juíza no estado mexicano de Chihuahua, norte do país.

Na tarde desta terça-feira, o Instituto Eleitoral local concluiu a contagem de votos. Silvia ficou em segundo lugar entre as candidatas mulheres. Caso a eleição seja validada, ela será uma das cinco pessoas que vão chefiar os tribunais criminais do estado de Chihuahua.

Silvia disputou o cargo de juíza de primeira instância na área penal em Ciudad Juárez, cidade vizinha a El Paso, no Texas. Sua candidatura foi uma das mais questionadas. Ela afirmou que sua única relação com Guzmán foi profissional, mas a ONG Defensorxs a incluiu entre cerca de 20 candidatos considerados "de risco".

O Cartel de Sinaloa é uma das seis organizações criminosas que o governo dos Estados Unidos classificou como "organização terrorista estrangeira" em fevereiro, por considerá-la "responsável por parte significativa do fentanil ilícito e de outras drogas" que entram no país.

No total, os eleitores mexicanos foram convocados a escolher 881 juízes em nível federal ? incluindo os nove membros da Suprema Corte ? e cerca de 1.800 em 19 dos 32 estados. O país deve realizar eleições complementares em 2027.

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© Agence France-Presse

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