PF suspeita que Santana recebeu R$ 4 milhões da Odebrecht no Brasil
A Polícia Federal disse hoje (26) ao juiz federal Sérgio Moro que há indícios de que o publicitário João Santana recebeu R$ 4 milhões da empreiteira Odebrecht no Brasil. Para a PF, os dados divergem da versão apresentada pelo casal nos depoimentos prestados nesta semana. Com base na afirmação, os delegados e procuradores da Operação Lava Jato pediram a prorrogação da prisão de Santana e de Mônica por mais cinco dias.
No relatório, a PF afirma que apreendeu uma planilha na casa da investigada Maria Lúcia Tavares, funcionária da Odebrecht, que, segundo as investigações, seria responsável pelos pagamentos a Santana.
No documento intitulado Feira-Evento 14 foram identificados sete pagamentos, que totalizam R$ 4 milhões, e fazem referência às palavras Cid, São e totalmente atendida. Segundo a PF, os termos Cid e São levam a crer que trata-se da cidade de São Paulo; o termo Feira faz referência ao apelido de João Santana.
"Os dados levam a crer que o programa Feira-Evento 14 recebeu, no período de 24/10/2014 a 07/11/2014, sete pagamentos em reais, o que desqualifica qualquer argumentação de pagamentos recebidos apenas no exterior, a qualquer título que seja. Agregue-se a isso que tanto Mônica quanto João Santana foram categóricos ao afirmar que não receberam valores em espécie no Brasil", diz o relatório.
Em entrevista coletiva nesta manhã, os advogados de Santana e Mônica refirmaram que eles não receberam dinheiro da Odebrecht no Brasil. A defesa afirma que eles obtiveram recursos da empreiteira no exterior, porque era a única forma de receber pelos serviços prestados nas campanhas na Venezuela e em Angola. A Agência Brasil entrou em contato com a Odebrecht a aguarda retorno.
Depoimento à PF
No depoimento prestado ontem (25) à PF, o publicitário João Santana declarou que não recebeu dinheiro no exterior sobre serviços prestados para campanhas eleitorais no Brasil e que não tem relacionamento com a empreiteira Odebrecht.
Mônica Moura, mulher do publicitário, admitiu que recebeu dinheiro não contabilizado nas campanhas eleitorais de Hugo Chavez, na Venezuela, e do presidente de Angola, José Eduardo Santos. No entanto, ela negou que tenha recebido recursos ilegais em campanhas do PT, PDT e PMDB nas quais trabalhou.
O advogado Fábio Tofic, representante do casal, afirma que não há mais motivos para que eles continuem preso, sendo que eles admitiram, em depoimento à Polícia Federal, que receberam recursos lícitos em contas não declaradas no exterior e autorizaram o acesso às suas movimentações bancárias.
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