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Com barracas e futebol, manifestantes em SP aguardam votação do impeachment

Eduardo Suplicy, ex-senador, joga futebol durante ocupação cultural a favor da democracia e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff no Largo da Batata - Rovena Rosa/Agência Brasil
Eduardo Suplicy, ex-senador, joga futebol durante ocupação cultural a favor da democracia e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff no Largo da Batata Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil

Bruno Bocchini

Da Agência Brasil, em São Paulo

16/04/2016 16h05

Jogando partidas de futebol ou reunidos em acampamentos, manifestantes a favor ou contra o impeachment da presidenta da República Dilma Rousseff começavam a se concentrar, no início da tarde deste sábado (16), na capital paulista, para a votação na Câmara dos Deputados, marcada para amanhã (17).

O Largo da Batata, na região oeste da capital paulista, e a calçada em frente à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na avenida Paulista, eram os locais onde ativistas contrários e favoráveis ao impeachment se reuniam, respectivamente.

"Acredito que ninguém gosta de ser associado a nada sujo, e por mais que a Câmara dos Deputados não seja a coisa mais proba e limpa do mundo, eles vão também tentar se afastar dessa coisa institucionalizada, que é a corrupção no país hoje. Acredito que vai ocorrer uma maioria pró-impeachment", disse Raphael Melo, que participava do acampamento em frente à Fiesp.

No final da manhã deste sábado, cerca de 20 barracas estavam armadas no local. Um pato inflável amarelo foi instalado dentro da sede da Fiesp. Bonecos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma, desenhados com roupa de detentos, eram vendidos nas imediações.

Manifestantes em frente ao prédio da Fiesp - Rovena Rosa/Agência Brasil - Rovena Rosa/Agência Brasil
Manifestantes em frente ao prédio da Fiesp, na avenida Paulista, em SP
Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil
"A intenção nossa não é só a retirada do PT no poder. O PT é o principal problema, a ponta do iceberg, mas a gente tem muito mais problemas pela frente. Nossa luta é por um país melhor, sem corrupção. Vai ser uma decepção caso não passe, mas a expectativa maior é que passe agora", disse Lauro Shida, que participava da mobilização no local.

No Largo da Batata, em uma quadra improvisada, com as linhas pintadas sobre o piso da praça, manifestantes contrários ao impeachment jogavam partidas de futebol. Ao final do jogo, os ativistas se reuniram para uma fotografia aos gritos de "Não Vai Ter Golpe". Um dos jogadores, o ex-senador Eduardo Suplicy mostrou confiança de que o impeachment não passará na votação deste domingo.

"Não será positivo para a nação qualquer governo que não seja diretamente eleito pela população brasileira. Estou na esperança de que um número suficiente de deputados federais vai assegurar o resultado do que o povo brasileiro depositou nas urnas em 2014. Dilma é uma pessoa extremamente séria, e merece o respeito e a confiança", disse o ex-senador.

Rodrigo Medeiros, um dos organizadores da partida chamada Futebol Democrático, disse que ambos os lados estão nervosos e que o importante é manter a cabeça no lugar independentemente do resultado da votação.

"É pior que futebol, mas acho que a democracia vai vencer essa história toda, a gente vai levar. O golpe não vai para frente não, mas temos que manter a cabeça no lugar para qualquer resultado, para caso a votação seja favorável a gente ou a eles. Se o impeachment não passar, eles vão vir nervosos também, assim como a gente. A gente tem de manter a ordem, mas não sair das ruas" , disse.

Amanhã, estão agendadas duas grandes manifestações na capital paulista. No Vale do Anhangabaú, vão se reunir os manifestantes contra o impeachment. Na Paulista, os favoráveis.