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Greve de frentistas compromete atendimento em alguns postos no Distrito Federal

Yara Aquino - Repórter da Agência Brasil

23/05/2016 14h57

Frentistas do DF fazem greve por melhoria salarial

Frentistas impedem acesso de motoristas a alguns postos do DF. A categoria faz greve por melhoria salarial Antonio Cruz/ Agência Brasil

A greve de frentistas iniciada hoje (23) no Distrito Federal paralisa o atendimento em alguns postos. De acordo com o Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Distrito Federal (Sinpospetro-DF), dos 320 postos do Distrito Federal, 92 estão com atendimento paralisados desde o início da manhã. A greve deve ser mantida pelo menos até a tarde de amanhã (24). Os trabalhadores reivindicam reajuste de 21,5% nos salários e aumento de R$ 7 no vale-alimentação diário. A proposta de aumento apresentada é de 9% nos salários e de R$ 1 no valor destinado à alimentação diária.

A reportagem da Agência Brasil visitou postos de gasolina da cidade e encontrou regiões onde as unidades estão atendendo normalmente e outras onde o abastecimento está totalmente paralisado. Nesses locais, sindicalistas, com faixas sobre a greve, impediam o acesso dos motoristas.

Em postos de combustíveis na Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), saída Sul, e no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), por exemplo, os sindicalistas impediam a entrada de veículos. Enquanto a reportagem estava no local, até um caminhão de refrigerantes, com entrega agendada, foi barrado na entrada do posto. No início da manhã, no eixinho das asas Norte e Sul, do Plano Piloto, os estabelecimentos funcionavam normalmente atendendo aos motoristas. A reportagem também esteve em dois postos de gasolina em Sobradinho, cidade do DF a cerca de 20 quilômetros da área central de Brasília, e encontrou atendimento normal.

No Sudoeste, próximo ao Plano Piloto, os trabalhadores de um posto se recusaram a parar e colocaram uma faixa na entrada com a frase "Não concordamos com a greve".

Empregados

O presidente da Federação Nacional dos Empregados em Posto de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo (Fenespospetro), Luis Arrais, participava do piquete em um posto do SIA e disse que greve deve ser mantida pelo menos até a tarde desta terça-feira, quando ocorre uma audiência de conciliação entre as partes no Tribunal Regional do Trabalho. "Se não resolvermos, a paralisação continua, ai vamos discutir se será de outra forma, mais pontual e nos principais postos da cidade". Ele disse que o abastecimento de carros de empresas como de entrega de medicamentos e dos Correios está garantido.

Os trabalhadores reivindicam reajuste de 21,5% nos salários, que corresponde a recomposição da inflação mais ganho real de 10%, e aumento do vale-alimentação diário de R$ 13 para R$ 20, retroativo a 1º de março, data-base da categoria.

O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindipospetro-DF) informou, por meio de nota, que a proposta de aumento salarial apresentada é de 9% e vale alimentação diário de R$14. "Os valores indicados são limites para que não haja repasses para a comunidade e afete ainda mais a crise existente no comércio do Distrito Federal", informa a nota. O sindicato diz considerar a proposta adequada por prever aumento superior ao negociado em 2015 e por ter havido redução de lucros no setor de combustíveis no DF devido à crise econômica.

Segundo o presidente do Sinpospetro-DF, Carlos Alves, já foram realizadas seis rodadas de negociação, todas sem consenso. "Eles [os empregadores] alegam que não podem dar um aumento maior devido à crise que o país vive, mas em outros estados vemos que foram fechados acordos em condições melhores que as oferecidas para nós."

A bióloga Ana Paula Valadares, de 38 anos, ainda tinha meio tanque com gasolina na manhã de hoje, mas resolveu bastecer em um posto do SIA que estava atendendo aos clientes. Ela conta que teme ficar sem combustível para cumprir as tarefas do dia a dia, como ir ao trabalho e levar os filhos à escola. "Dependo do carro para me deslocar e não posso deixar de cumprir meus compromissos, mas também apoio a reivindicação dos frentistas que precisam de melhores salários", disse.