Sociedade Interamericana de Imprensa condena assassinato de jornalista em Goiás
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou o assassinato do jornalista brasileiro João Miranda do Carmo, morto a tiros na noite do último domingo (24), em Santo Antônio do Descoberto (GO). Em nota divulgada hoje (28), a entidade que reúne mais de 1,3 mil publicações ocidentais e está sediada em Miami (EUA), pediu às autoridades brasileiras que investiguem o caso o mais rápido possível. "A investigação e as medidas urgentes e necessárias para identificar os mentores do crime e os assassinos são os melhores instrumentos para evitar a impunidade e a falta de justiça nesses casos de violência", disse, na nota, o presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, Claudio Paolillo. Miranda era dono do site de notícias SAD Sem Censura, que publicava notícias sobre violência, corrupção e outros problemas de Santo Antônio do Descoberto, na região do entorno de Brasília. Na noite de domingo, homens desconhecidos pararam um carro diante da casa do jornalista e tocaram a campainha. Quando o Miranda abriu a porta, foi atingido por sete tiros. À Agência Brasil, o delegado responsável pelo caso, Pablo Santos Santista, admitiu que, entre as linhas de investigação, está a hipótese do jornalista ter sido morto devido ao seu trabalho. Segundo informações de pessoas próximas ao jornalista, Miranda vinha recebendo ameaças. Ele cogitava se candidatar a vereador nas próximas eleições municipais pelo PCdoB, legenda da qual era secretário de comunicação do diretório municipal. Em nota, o PCdoB manifestou pesar pela morte do jornalista e pediu que os assassinos sejam identificados e punidos. "As circunstâncias da morte são motivo de apreensão para todos, pois Miranda havia feito denúncias envolvendo a administração local, o que pode levar a crer em crime político", ponderam os dirigentes do partido. "Esperamos que as investigações da polícia identifiquem e punam os responsáveis por essa barbaridade." Ranking Esse foi o terceiro assassinato de jornalista este ano no Brasil. Em março, o radialista João Valdecir Barbosa foi morto a tiros enquanto trabalhava nos estúdios da Rádio Difusora AM, em São Jorge do Oeste, sudoeste do Paraná. Em abril, o blogueiro Manoel Messias Pereira, foi morto também a tiros em Grajaú, no Maranhão. Em toda a América, mais 14 jornalistas foram mortos em 2016 até agora: nove no México, dois na Guatemala, um em El Salvador, um nos Estados Unidos e um na Venezuela. Em 2015, o Brasil ficou em quinto lugar entre os países mais perigosos para o exercício da atividade jornalística, com oito assassinatos, de acordo com a organização internacional Comitê para a Proteção dos Jornalistas, (CJP, na sigla em inglês). O país ficou à frente de nações em guerra, como Iraque e Sudão do Sul. A maior parte dos profissionais assassinadas apurava casos de corrupção envolvendo políticos.
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