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Motoqueiros fazem passeata de encerramento do Outubro Rosa no Rio

Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil

29/10/2016 19h52

Motoqueiros se reuniram hoje (29), no Rio de Janeiro, para lembrar a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. Um grupo com cerca de 50 deles se juntou na Barra e seguiu em uma "motosseata" até Santa Cruz, na zona oeste da cidade, em uma distância de 44 quilômetros. A ação foi organizada pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) em parceria com motoclubes, o Grupo Oncoclínicas e a ONG Atitude Rio, com apoio da subprefeitura da zona oeste. Vestidos com camisetas de cor rosa, os motoqueiros chamaram atenção de quem passava. O movimento dos motoqueiros destaca ainda o encerramento do Outubro Rosa, campanha mundial para incentivar a prevenção da doença. Na Praça do Ringue, no centro de Santa Cruz, houve distribuição de cartilhas de esclarecimento sobre a necessidade de prevenção ao câncer, com a participação de agentes de saúde, que informaram os locais onde os exames preventivos podem ser feitos. As motos ficaram enfileiradas no local, enquanto as orientações eram dadas à população. "O povo ainda fica um pouco arredio a receber as informações, mas é ótimo se tivermos conseguido a atenção de algumas pessoas", disse o defensor público Cláudio Mascarenhas, integrante da Atitude Rio. O diretor da Sociedade Brasileira de Mastologia e chefe da ginecologia do Hospital Federal da Lagoa, Rafael Machado, disse que a população precisa se informar mais e ter a consciência de que a partir dos 40 anos a mulher deve fazer os seus exames anuais para, no caso de um câncer, evitar descobrir a doença em estágio avançado. O médico defendeu, inclusive, que jovens de até 18 ou 21 anos, façam os exames. "Para começar a ter o costume sempre de avaliar as mamas. É sempre importante saber que o autoexame das mamas é importante para detectar alterações, mas não substitui o exame físico com o mastologista, que é o médico que cuida da saúde mamária", contou. "Sou favorável às rotinas em que a paciente vai, já a partir dos seus 18 e 21 anos, fazer a avaliação mamária anual, porque entra na rotina da mulher, e quando ela chega aos 40 já está habituada. É bem melhor, mas não é obrigatório", indicou, destacando, que quando há antecedentes na família, com caso de câncer de parente de primeiro grau antes dos 45 anos, aumenta a importância de consultas com mastologistas e exames de imagem. Alerta Hoje, no segundo dia do IV Congresso Internacional Oncologia D'Or, no hotel Royal Tulip, em São Conrado, zona sul do Rio, o médico Gilberto Amorim, coordenador do núcleo de mama do encontro fez o alerta para o aumento da procura pelas cirurgias de mastectomia sem a necessidade da cirurgia, especialmente nos Estados Unidos, mas que tem ocorrido no Brasil, no Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo e Brasília. "Já tem um grupo expressivo de mulheres que estão com câncerofobia pura, muitas vezes sem história genética, história familiar documentada, querendo fazer cirurgia preventiva", disse. O especialista apontou que, antes de fazer a cirurgia, deve haver uma avaliação de equipe, contando também como uma psicóloga, além do oncologista, para tentar demover a paciente da ideia. "Nem sempre a cirurgia é necessária. A maioria das vezes o câncer de mama não tem genética forte, 15 % só dos casos talvez tenham o peso familiar", afirmou. O médico lembrou que a atriz Angelina Jolie fez a cirurgia nas duas mamas porque tinha casos na família, com mortes por câncer antes de 45 anos. Os exames da atriz, segundo ele, mostraram uma mutação genética que a colocavam realmente em risco. Ele acrescentou que em uma situação diferente disso, a cirurgia é desnecessária e ainda pode causar efeitos como infecções e perda de sensibilidade da mama.