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Força-tarefa de Segurança vai investigar ataques a ônibus em Manaus

Bianca Paiva - Correspondente da Agência Brasil

24/02/2017 18h56

A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas e as polícias Civil e Militar anunciaram hoje (24) uma força-tarefa para investigar os ataques a ônibus na noite de ontem (23) em Manaus. Dois coletivos foram incendiados e houve tentativa de atear fogo em mais dois. No dia anterior (22), um ônibus já havia sido incendiado. Um homem foi preso. O delegado titular do 18º Distrito Integrado de Polícia, Ivo Nascimento, que coordena a apuração dos fatos, descarta que o episódio esteja relacionado a facções criminosas, mas diz que foi uma ação orquestrada. "O modus operandi, o modo praticado na ação de quarta-feira foi idêntico ao modo praticado na ação de ontem, temos imagens e tudo denota uma situação de aparência, uma similitude nas ações. Inclusive o galão encontrado na ocorrência do bairro Redenção era igual ao galão encontrado no ônibus do bairro Compensa. As circunstâncias são as mesmas, os horários são os mesmos. Isso tudo chama a atenção e afasta essa questão de ser algo relacionado a facções criminosas ou ao sistema prisional", disse o delegado. Preso Segundo os órgãos de segurança, o homem que foi preso, Wilson Soares da Silva, de 45 anos, é ex-motorista de ônibus de uma empresa de transporte público da cidade e portava uma carteira do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram). Ele foi apresentado à imprensa e declarou que agiu sozinho e que foi um ato de desespero por estar desempregado. "Eu peço desculpa a todos, não tive a intenção de tocar fogo no ônibus. Foi um momento de desespero, foi tipo uma reivindicação. Sou pai de família, tenho três filhos e estou desempregado há seis meses. Não tenho nada a ver com negócio de facção, sindicato. Sou um cara batalhador", disse o acusado. O delegado-geral Frederico Mendes diz que Wilson entrou em contradição em diversos momentos durante o depoimento. "No primeiro momento da abordagem, sem a gente perguntar nada, ele já foi dizendo que não tinha ligação com sindicato, que ninguém mandou e que foi por conta própria. Ele disse que subiu no ônibus para pedir carona porque estava sem dinheiro e o motorista retrucou e então desceu e foi comprar gasolina. Mas comprar gasolina como se ele estava sem dinheiro? Então ele foi se enrolando no depoimento", explicou o delegado. Serviços interrompidos Os ataques ocorreram por volta das 19h. Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas declarou que os rodoviários se sentiram inseguros e interromperam o serviço por conta própria, apesar de ter anunciado o recolhimento dos ônibus. Houve protestos de passageiros em alguns pontos da cidade. A estudante universitária Suzana Martins diz que estava na faculdade quando as notícias começaram a chegar e muitos estudantes ficaram em pânico sem saber como voltar para casa. "A gente teve que parar a aula, metade da aula ficou comprometida por conta da situação e deixou todo mundo da faculdade desesperado. As pessoas que têm carro não se desesperaram, mas as que dependem de transporte público tiveram que sair e mesmo assim não conseguiram ônibus", disse a estudante. Como medida emergencial, a prefeitura de Manaus liberou, a partir das 21h, ônibus alternativos e executivos para atender a população. O Secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, criticou o recolhimento dos ônibus. "Os ônibus queimados estavam parados na maioria das vezes, não houve uso de armas. Ninguém foi agredido. Não havia motivo para o recolhimento dos ônibus ontem. Nós do sistema de segurança não fomos procurados para pedir apoio para continuar rodando os ônibus. Nos parece que foi uma medida precipitada". Os órgãos de segurança do Amazonas informaram ainda que o policiamento foi reforçado nas ruas e nos terminais de ônibus e, se for necessário, os policias também vão atuar dentro dos veículos. Os ônibus voltaram a circular hoje normalmente em Manaus.