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Meirelles diz que é prematuro quantificar reflexos econômicos da crise política

Paulo Victor Chagas - Repórter da Agência Brasil

31/05/2017 19h03

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que é "prematuro" quantificar os reflexos econômicos da crise política brasileira, deflagrada há duas semanas quando vieram à tona as primeiras informações da delação de executivos da JBS envolvendo o presidente Michel Temer e políticos aliados. De acordo com ele, os mercados estão "relativamente calmos", mas é preciso uma análise que levaria mais tempo. "No momento é muito prematuro dizer [quanto está custando a crise política no contexto econômico], porque a economia reage com defasagem, com o devido tempo. Os mercados financeiros em termos de preço estão relativamente estáveis", disse, citando o mercado de juros e o cambial. "Precisa ver se a economia vai reagir como os mercados e sem efeitos muito fortes ou, se poderemos, com o tempo, ter efeito maior, mas a princípio não se vê isso". Após participar da posse do novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, Meirelles disse que o Brasil continuou funcionando "normalmente" após as denúncias. Depois que foi divulgada a gravação da conversa do dono do grupo JBS, Joesley Batista, com o presidente Temer, o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), o Supremo Tribunal Federal autorizou a abertura de inquérito contra eles. O ministro da Fazenda disse que tem levado aos investidores a mensagem de que as autoridades brasileiras mantêm seus compromissos com as reformas. Ele citou, como exemplo, o fato de os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira, continuarem se comprometendo com as medidas em tramitação no Congresso Nacional. "Deixo claro [nas reuniões] que estamos discutindo economia, mas o que eu disse é o seguinte: a minha hipótese de trabalho é que ele [Temer] fica até o final [do mandato]. Agora, no entanto, eu acredito que as reformas que estão sendo feitas, as mudanças na economia, vão além deste governo, deste mandato, do próximo mandato, etc. São mudanças institucionais de longo prazo", disse. Assim como disse em outras ocasiões, o ministro negou que o adiamento pontual na tramitação das reformas da Previdência e trabalhista não atrapalha o projeto de "longo prazo". "Não serão algumas semanas ou mesmo meses que fazem diferença dramática ou importante na Previdência, na medida em que é um projeto que faz efeito durante décadas", disse, reconhecendo, porém, que do ponto de vista da "expectativa", quanto mais rapidamente as medidas forem aprovadas, "melhor".