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Operação contra milícias no Rio prende 14 suspeitos, entre eles, quatro PMs

Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil

25/07/2017 17h51

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu hoje (25) 14 pessoas, entre elas quatro policiais militares, suspeitos de participarem de milícias em Nova Iguaçu e Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Foram feitos 50 mandados de busca e apreensão e apreendidos celulares, armas de fogo, munições e cerca de R$ 21 mil em dinheiro. Ao todo, 67 pessoas são investigadas, sendo que quatro já estão presas.

As investigações começaram na 58ª Delegacia de Polícia (DP), em Nova Iguaçu, e teve apoio da Promotoria de Investigação Penal de Nova Iguaçu. O inquérito para investigar as milícias na região foi aberto após uma denúncia de agiotagem e a prisão de um autor de homicídios. A partir de uma colaboração premiada de um miliciano acusado de assassinato, foram identificados autores de vários crimes, como homicídios, extorsões, agiotagem, cobrança de taxas de gás, água e do transporte alternativo.

O delegado titular da 58º DP, Adriano França, afirmou que a atuação da quadrilha não seria possível sem a participação de agentes do Estado. "Eles dão o suporte para aqueles que não são policiais, e o temor que esses impõem por serem agentes públicos é maior, pois têm informações sobre operações, datas privilegiadas", contou ele. Foram identificados pelo menos 13 homicídios cometidos pela quadrilha.

"A paz só acontecerá quando o Estado ocupar os espaços e as concessionárias conseguirem entrar com serviço nas comunidades. Muitas querem entrar, mas não se sentem seguras. Uma empresa de TV a cabo regularizada não consegue entrar, pois [seus funcionários] serão expulsos", concluiu. Pelo serviço de água, cada morador pagava entre R$ 30 e R$ 45 por mês. Os mototaxistas eram obrigados a pagar R$ 100 por mês aos milicianos. Um dos presos atuava na localidade desde 2007, como apontam áudios coletados na investigação. Além dos 14 que foram presos hoje, mais quatro suspeitos que já estavam detidos nos presídios de Japeri e Patrícia Acioli também estão incluídos no rol de prisões preventivas autorizadas pela Justiça. Eles comandavam ações das milícias de dentro das celas por meio de celulares. A operação de prisão, busca e apreensão contou com 200 policiais civis e nove delegados, além de equipes do Ministério Público e da Corregedoria da Polícia Militar.