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Uerj retoma aulas do primeiro semestre do ano passado

Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil

22/01/2018 19h35

Vestibular deste ano atraiu cerca de 37 mil candidatos. Em 2017, foram 80 milTomaz Silva/Arquivo/Agência Brasil A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Ueej) retomou hoje (22) as aulas após o fim da greve de três meses dos docentes, técnicos administrativos e parte dos estudantes. O pagamento dos salários atrasados dos funcionários e bolsistas possibilitou o retorno do calendário, que ainda está no primeiro semestre do ano passado. A retoria da universidade estima que as aulas do semestre terminem em 20 de março, para que, após provas e lançamento de notas, o segundo semestre de 2017 tenha início em 11 de abril. Ainda não há uma previsão oficial de quando o calendário deve ser normalizado, o que ainda está em análise na comunidade acadêmica da Uerj. Ao longo dos últimos dois anos, a Uerj vinha sofrendo com atraso no pagamento de servidores e, segundo a reitoria, continua com dívidas com empresas prestadoras de serviços como limpeza, segurança e coleta de lixo. O restaurante universitário ficou sem funcionar durante praticamente todo o ano passado, e os repasses ao Hospital Universitário Pedro Ernesto tiveram que ser garantidos por uma decisão judicial obtida pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. Apesar de os salários terem sido quitados, o diretor da Associação dos Docentes da Uerj, Guilherme Abelha, afirma que o clima é de apreensão quanto à capacidade de o estado manter os pagamentos em dia. De acordo com Abelha, embora apreensiva com as condições do governo de manter os salários em dia no futuro, a categoria decidiu retomar as atividades. "Sabemos que a qualquer momento podemos ser surpreendidos por uma notícia negativa que deixe comprometido o nosso trabalho", diz Abelha, que é professor do curso de ciência da computação. Ele relata que a reposição de equipamentos e insumos em laboratórios tem sido prejudicada pelo descumprimento de repasses à Uerj e reconhece que o cenário de crise, somado às duas greves do ano passado, gera impacto na vida acadêmica. "Estamos trabalhando para minimizar esse impacto, com aulas de revisão, promovendo atividades extra para tentar de alguma forma ajudar os estudantes, mas essa situação de instabilidade foge ao nosso controle." Segundo o reitor da Uerj, Ruy Garcia Marques, a universidade tem conseguido fazer pagamentos pontuais às empresas contratadas, e, no momento, os serviços essenciais estão em funcionamento. "Isso não foi equacionado. Temos conseguido pagar algumas dessas empresas pontualmente. Foram pagas duas faturas na última sexta [19]  à empresa de limpeza, porque havia várias faturas em atraso e estava ficando difícil para a empresa honrar os salários." O reitor diz que há atraso no pagamento de todas as prestadoras. "Em 2016, dos R$ 7,5 milhões necessários para os pagamentos mensais a essas empresas, recebemos só R$ 15 milhões. Em 2017, nem isso." Procura cai Entre os efeitos gerados pela falta de recursos para a Uerj está a queda da procura de candidatos ao vestibular da instituição. Em 2017, o processo seletivo atraiu cerca de 37 mil candidatos, contra 80 mil no ano anterior. Para o reitor, os problemas desgastam a imagem da Uerj.

"A pessoa que passou para o segundo semestre de 2017 ainda não começou o curso, o que deveria ter acontecido em agosto do ano passado; 2018 ainda não tem calendário. Tudo isso desgasta o nome da universidade perante a população e faz com que haja uma procura menor", lamenta Marques. Ele pondera, no entanto, que a posição da Uerj como universidade de excelência ainda não está ameaçada. "A Uerj continua em todos os rankings nacionais e internacionais sendo apontada como uma das 10 melhores universidades brasileiras e uma das 20 ou 25 da América Latina. Não se perde isso de uma hora para a outra", destaca o reitor.

Para Marques, a situação atual aponta para a volta da normalidade à instituição. "Só vamos conseguir recuperar isso com o nosso trabalho, a partir da volta à normalidade. Se continuarmos em uma crise intensa, isso tende a se agravar, mas eu não acredito que isso vá acontecer. Estamos inaugurando um possível retorno à normalidade institucional. Podemos estar fazendo isso a partir de hoje."