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Setor turístico prevê aumento de 20% de norte-americanos no Rio com novo visto

Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil

31/01/2018 17h27

Com a entrada em vigor, na quinta-feira passada (25), do novo sistema eletrônico para a concessão de visto para turistas dos Estados Unidos, a expectativa do setor de receptivo do Rio de Janeiro é incrementar em 20% o número de visitantes norte-americanos à cidade. Além dos naturais dos Estados Unidos, o novo sistema está disponível para cidadãos do Japão, Canadá e Austrália. Segundo a presidente do Rio Convention & Visitors Bureau, Sonia Chami, os norte-americanos eram os que mais visitavam a cidade, mas atualmente foram superados pelos argentinos. "Há dez anos, o americano era o número um, o que mais recebíamos no Rio de Janeiro, hoje está o argentino. Mas a gente pretende que o americano volte a ser o primeiro do ranking, porque a estada média é maior que a dos hermanos e o gasto médio deles também é maior do que o dos argentinos". De acordo com Sonia Chami, o Rio recebe, em média, 250 mil turistas norte-americanos por ano. Esses visitantes gastaram na cidade US$ 248 milhões durante 2016, "então isso é uma receita bem interessante para o Brasil". Ela explica que o setor de turismo do Rio de Janeiro já começou a investir em campanhas de promoção e divulgação em Nova Iorque e que, até o fim do ano, o trabalho será ampliado para outras cidades dos Estados Unidos. Sua previsão é que o número de turistas dos Estados Unidos cresça 20%. O novo modelo de e-Visa (visto de visita por meio eletrônico) foi apresentado hoje (31) pela Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados, em solenidade no Forte de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. O sistema está em funcionamento para australianos desde 21 de novembro Para os japoneses, o visto eletrônio está disponível desde 11 de janeiro e os canadenses passaram a ter acesso ao serviço a partir de 18 de janeiro. Reciprocidade Mais otimista ainda, o secretário de estado de Turismo, Nilo Sergio Felix, lembrou que o Brasil todo recebe uma média de 570 mil norte-americanos por ano e que, com a facilitação do visto eletrônico, a expectativa é dobrar esse número. Para ele, o país precisa rever o princípio da reciprocidade, que exige as mesmas condições para entrada no Brasil exigidas para brasileiros nos outros países. "Ocorre que os problemas que nós temos aqui são diferentes dos problemas que os Estados Unidos têm. Na reciprocidade, fica muito difícil de fazer essa comparação. Nós precisamos, literalmente, do mercado americano, nós precisamos do turista internacional. Na nossa opinião, se tornou impraticável isso. O turismo é o segmento que mais cresce no mundo e no Brasil não é diferente. Então, é um momento histórico, o Rio de Janeiro recebe 34% dos 6,7 milhões de turistas internacionais. O cenário, com certeza, vai se modificar, precisamos aumentar o número de americanos". O conselheiro da Divisão de Imigração do Ministério das Relações Exteriores, Paulo Gustavo Santana, que fez a apresentação do sistema do e-Visa, destacou que a nova Lei de Imigração (Lei 13.445/2017) garante a cláusula da reciprocidade ao mesmo tempo que facilita a concessão do visto para os estrangeiros. "Ou seja, quem os define é cada governo. Eu vou dizer como o visto vai ser concedido para cada nacionalidade. E o visto eletrônico cai como uma luva nessa estratégia. O governo brasileiro tem o interesse de atrair ao Brasil turistas e pessoas que vêm a negócio dessas quatro nacionalidades". Segundo ele, esses quatro países (Estados Unidos, Japão, Austrália e Canadá) representam mais de 60% dos vistos que o Brasil emite para turismo e negócios. "Ou seja, a partir dessa estratégia, mais da metade dos vistos que o Brasil emite para turismo e negócio serão emitidos exclusivamente por via eletrônica". Santana explica que o e-Visa permite visitas de caráter educacional, cultural, turístico e também para artistas internacionais, desde que a permanência não ultrapasse 90 dias e a pessoa não receba remuneração de fonte brasileira. Segundo ele, o pedido de vistos da Austrália já chega a 95% por via eletrônica, sendo 91,4% de turistas. Apenas nesta semana, os pedidos de norte-americanos chegaram a 3 mil pelo e-Visa. Japão e EUA O cônsul-geral do Japão no Rio de Janeiro, Yoshitaka Hoshino, disse no evento que o novo sistema mostra a "confiança prestado pelo governo brasileiro ao povo japonês". Segundo ele, o Brasil recebe menos de 80 mil dos 17 milhões de turistas japoneses que vão ao exterior todos os anos e o e-Visa deve aumentar essa procura. "Isso significa que menos de 0,5% dos japoneses escolhem o Brasil como destino; é um número muito pequeno. Mas nós sabemos que o Brasil tem muitas atrações. Depois dessa facilitação, tenho certeza que teremos mais turistas japoneses aqui no Brasil e no Rio". O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, P. Michael McKinley, disse que o visto eletrônico chega em um momento propício para o crescimento do turismo no país, graças à recuperação da economia global. "Esse programa também vai facilitar um aumento de viagem de cidadãos norte-americanos ao Brasil, promovendo o Brasil que tanto conhecemos e amamos. São duas faces da mesma moeda, porque as visitas dos brasileiros aos Estados Unidos também são muito importantes para a nossa indústria do turismo". O e-Visa custa US$ 40 para essas quatro nacionalidades e terá validade de dois anos, podendo ser solicitado pela internet ou aplicativo. O visitante que preferir, pode solicitar o visto tradicional, ao custo de US$ 80 para canadenses e japoneses, US$ 120 para australianos e US$ 160 para norte-americanos e validade de dez anos.