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Trabalhadores do setor de frango temem demissões após embargo da UE

26/04/2018 19h31

O ministro do Trabalho, Helton Yomura, reuniu-se nesta quinta-feira (26) com entidades de trabalhadores do setor de produção de frango para tratar das consequências do embargo sofrido por 20 plantas de grandes frigoríficos brasileiros que exportavam frango para a União Europeia (UE). As entidades temem que os trabalhadores sejam demitidos em massa, uma vez que ainda não há previsão de quando a UE vai retomar a importação do produto. "Nós apresentamos para o ministro a nossa grande preocupação com relação a esses 20 frigoríficos que estão embargados para a exportação de frango para a União Europeia e tem mais de 7 mil trabalhadores em férias coletivas", disse o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA), Artur Bueno. Dirigentes da CNTA e da Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores das Indústrias da Alimentação (Contac), além de federações e sindicatos que representam trabalhadores do setor, manifestaram preocupação ao ministro Yomura e ao secretário de Relações do Trabalho, Marcus Laira, sobre o que vai acontecer daqui a duas semanas, quando os trabalhadores desses frigoríficos  retornarem das férias coletivas. "Pedimos que o ministro chame as empresas e cobre responsabilidade social delas, porque o governo socorre essas empresas, inclusive com recursos do BNDES, entre outras formas de proteção, mas o mais importante é proteger o emprego dos trabalhadores. Mesmo porque o problema que está acontecendo com o setor não foi causado pelos trabalhadores e sim pela má-gestão das empresas.", disse Bueno.
Ministro do Trabalho, Helton Yomura, reúne-se dirigentes do setor de produção de alimentos - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Reunião 

O ministro determinou ao secretário Laira que convocasse uma reunião nos próximos dias entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI), as empresas envolvidas e a CNTA e a Contac, visando a  busda de alternativas que minimizem as consequências do embargo para os trabalhadores. Os frigoríficos afetados pelo embargo respondem por cerca de 30% a 35% da produção de frangos exportada para a UE, de acordo com informações da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O embargo também causa preocupação às entidades de trabalhadores, que prevêm desdobramentos do fato também no mercado interno. "Esses 20 frigoríficos vão evidentemente desovar a produção no mercado interno, o que deve jogar o preço do frango para baixo. Para o consumidor é bom, mas os pequenos frigoríficos não vão conseguir concorrer com os grandes. Além disso, a partir do momento que o preço do frango for lá pra baixo, muitas pessoas que têm o hábito de consumir carne bovina e suína podem migrar para o frango, e haverá consequência para outros setores.", explicou Bueno.

Entenda o caso

No dia 18 de abril, a UE anunciou que vai descredenciar 20 plantas exportadoras da lista de empresas brasileiras autorizadas a vender carne de frango e outros produtos para os países que compõem o bloco econômico europeu, formado por 28 países. Ao todo, unidades de nove empresas serão afetadas, de acordo com a ABPA. Entre os 20 frigoríficos embargados, 12 são da BRF, dona das marcas Sadia, Perdigão e Qualy. A Agência Brasil buscou o posicionamento da empresa sobre o tema mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.