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Com greve, hotéis têm reservas canceladas para feriado

30/05/2018 20h43

A greve dos caminhoneiros deverá afetar o turismo durante o feriado de Corpus Christi, nesta quinta-feira (31), e ao longo do fim de semana. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), houve quedas expressivas na ocupação hoteleira, desde a semana passada, além de cancelamentos de reservas. No Nordeste, por exemplo, o Ceará registrou uma média de 15% de cancelamentos nas reservas para o feriado. Bahia e Alagoas tiveram uma queda de 5%, enquanto em Pernambuco a redução foi de 7%. Em Minas Gerais, a queda na ocupação média da semana na capital Belo Horizonte deve chegar a 30%. O mesmo ocorreu em Brasília, Curitiba e no estado do Rio Grande do Sul, que também registraram baixa de 30% de ocupação dos hotéis nesse período.  São Paulo registrou durante a semana cancelamento de 50% das reservas e para o feriado a expectativa é de uma queda de 20%. No interior do estado, o recuo foi de 40%. No litoral paulista, 90% das reservas para o feriado foram canceladas, mas a expectativa da associação é que o percentual diminua com a normalização dos serviços e abastecimento de combustível. Na cidade do Rio de Janeiro, a expectativa de ocupação para o feriado é mesma do ano passado, em torno de 47%, mas representa uma queda na expectativa de recuperação na ocupação dos hotéis para o período, em cerca de 3%. O presidente da Associação de Hotéis do Estado do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), Alfredo Lopes, informou que a maioria dos hotéis da cidade recebe visitantes de estados vizinhos, que não estão chegando por falta de combustível. "Para se ter uma ideia, atualmente 63% de quem se hospeda na cidade são provenientes do mercado nacional, com os vizinhos São Paulo e Minas na liderança, grande parte deles viajando de carro", disse. O servidor público Paulo Machado desistiu de viajar no feriado. Ao falar com a reportagem da Agência Brasil, ele aguardava dentro do carro parado na fila para abastecer em um posto de combustível na via EPIA, uma das mais importantes de Brasília. "Eu viajaria para Goiânia no feriado, mas não tem condição sem combustível. Estou há mais de três horas nessa fila e nem consigo voltar para casa porque não tenho gasolina suficiente", lamentou.  "Não tem muito o que fazer a não ser aguardar a normalização do abastecimento", resignava-se o professor Vitor Andrade, que também enfrentava mais de quatro horas de fila para tentar encher o tanque no final da tarde desta quarta-feira (30). "Me preocupo mais com a minha avó, que tem 110 anos, caso haja problemas no atendimento de saúde e abastecimento de medicamento", ressaltou o docente, que dá aulas na rede particular do Distrito Federal. "Na minha escola decretaram ponto facultativo a semana inteira".  Mais cedo, a Associação Nacional das Distribuidoras de Combustível, Lubrificantes, Logística e Conveniência (Plural) informou que 60% dos caminhões-tanque já estão circulando nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste.

Viagem de ônibus

O aposentado Manoel Soares viveu uma experiência desagradável na últma sexta-feira, quando vinha de ônibus de Cristalina, interior de Goiás, para Brasília. O veículo foi parado em um dos bloqueios na BR-040, que liga a capital federal ao estado de Minas Gerais, e manifestantes que participavam da paralisação abordaram, um a um, os passageiros do ônibus solicitando informações. "Queriam saber para onde a gente ia, que dia ia voltar. A gente ficou bloqueado por quase uma hora". A viagem, que deveria levar menos de três horas, levou quase o dobro do tempo, segundo o aposentado.   Nos últimos dias, o movimento na Rodoviária Interestadual de Brasília caiu cerca de 10%, de acordo com a empresa que administra o terminal. No auge da greve dos caminhoneiros, na semana passada, empresas de ônibus chegaram a aumentar o intervalo entre os ônibus e cancelaram parte das viagens previstas. Para o feriado, a previsão é que 348 ônibus partam da capital do país com destino a diversos estados. 

Situação nas rodovias

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que, até as 17h de hoje, havia ainda 267 pontos de aglomeração em áreas próximas de rodovias federais, mas sem ocupação de vias. O número é inferior ao balanço de ontem (29), que registrava mobilizações em 616 locais. A PRF também liberou corredores para o livre fluxo de cargas em alguns dos principais trechos viários do país, como as rodovias Presidente Dutra (Rio de Janeiro/São Paulo), Fernão Dias (Belo Horizonte/São Paulo), BR-101 (no trecho entre Salvador e Natal) e BR-060 (que liga Goiânia a Brasília).  
PRF informa que quantidade de pontos de concentração de caminhoneiros está diminuindo - Tomaz Silva/Agência Brasil
  Para o feriado de Corpus Christi, a PRF reforça as recomendações com segurança em ultrapassagens, excesso de velocidade e consumo de álcool, mas não faz nenhuma ressalva específica sobre a greve dos caminhoneiros, já que, de acordo com o órgão, não há mais registro de interdições em rodovias que possam impedir a circulação de veículos. 

Pousos e decolagens

Na véspera do feriado, o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek operava com normalidade. Aliviada, a maquiadora Laísa Amorim aguardava na fila para embarcar para Itália, a trabalho. "Passei a semana apreensiva até ter certeza que o voo não seria afetado [pela greve]. Tenho que chegar na Itália para maquiar uma noiva no fim de semana", comemorava, ao verificar a tranquilidade do terminal na tarde desta quarta.   
Aeroporto de Brasília - Wilson Dias/Agência Brasil
Segundo a Inframérica, concessionária que administra o terminal, até o fim da tarde desta quarta, mais de 245 operações, entre pousos e decolagens, ocorreram sem problemas. Houve apenas sete cancelamentos. Além disso, quatro caminhões-tanque com cerca de 200 mil litros de querosene de avião foram entregues no aeroporto, o que é considerado suficiente para garantir as operações durante o feriado prolongado. Situação bem diferente dos últimos dias, quando o desabastecimento chegou a provocar o cancelamento de 132 voos, entre sexta e domingo, no aeroporto. * Colaborou Alana Gandra, do Rio de Janeiro