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Russos lamentam derrota, mas se dizem orgulhosos da campanha na Copa

07/07/2018 19h22

Os russos se concentraram hoje (7) no Boteco Belmonte do Leme, na zona sul do Rio de Janeiro, como em um almoço de família para acompanhar o confronto com a Croácia. Entre caipirinhas e petiscos, os torcedores conversavam, tomavam conta dos filhos pequenos e mexiam nos celulares com tranquilidade. O clima ameno ficou para trás quando a prorrogação aqueceu o jogo, e a decisão foi para os pênaltis. A Rússia perdeu e deixou a competição, mas o sentimento de frustração pela derrota logo foi substituído pelo de orgulho com o desempenho da seleção anfitriã da Copa do Mundo de 2018. A historiadora Helena Serebrykva, de 28 anos, mora no Brasil há cinco e acredita que a Rússia provou que tinha condições de continuar na competição, apesar de ter sido eliminada. Para a russa, o saldo da Copa para o país é positivo. "A Copa abriu a Rússia para o mundo e fez as pessoas conhecerem muito mais o país. Os brasileiros hoje sabem muitas coisas sobre a Rússia que eles não sabiam antes", disse ela, que avalia que o último jogo foi bem jogado pelos russos. "A Rússia foi muito bem e defendeu até o último minuto. Foi legal". Apesar de o esporte preferido dos russos ser o hóquei, a historiadora acredita que o futebol é outra paixão que cresce no país. "Não somos conhecidos como um país de futebol, mas também amamos esse esporte".

Nervosismo

Se os 90 minutos de jogo contra a Croácia fizeram os russos levantarem das cadeiras poucas vezes, os minutos finais da prorrogação foram acompanhados com tensão depois que a Rússia conseguiu novamente empatar o jogo e levar a decisão para os pênaltis. Para os russos, era mais um teste de resistência: a disputa contra a Croácia era a segunda seguida definida nos pênaltis, e a ansiedade se espalhou pelo bar na orla carioca. A guia de turismo Tatiana Elfimova, de 68 anos, está no Brasil há 25 e conta que não esperava que a Rússia fosse chegar tão longe na competição. Ela disse estar orgulhosa de seu país, porque os jogadores não se entregarem em nenhum momento do campeonato. "Mesmo perdendo, eles são heróis. Nós sofremos e queríamos que eles ganhassem, mas fazer o que? Jogo é jogo", disse ela, que acredita que a vitória de goleada na estreia da Copa, contra a Arábia Saudita, valeu o mundial. "Dane-se o resto. Ganhar o primeiro jogo de 5 a 0 já valeu tudo". A brasileira Isabel Guidão, de 42 anos, levou o marido para torcer no Belmonte. Professora de russo e apaixonada pela literatura do país, ela conta que, com a eliminação do Brasil, estava torcendo para que os donos da casa fossem o mais longe possível. "Agora a Copa acabou, fiquei triste. Quando o Brasil perdeu ontem, eu ainda tinha o entusiasmo de torcer pela Rússia", disse. "Acho linda a história e principalmente a literatura da Rússia. Dostoiévski, Tolstói. Foi isso que me encantou".