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Proibidas de usar véu, muçulmanas preparam protesto na Dinamarca

31/07/2018 15h37

Após o Parlamento da Dinamarca aprovar, por 70 votos a 30, a lei que proíbe o véu islâmico integral em espaços públicos do país, mulheres muçulmanas preparam para amanhã (1º), em Copenhague, um protesto contra a determinação. A proibição do uso da burca (veste feminina que cobre todo o corpo, até o rosto, com uma rede na parte dos olhos, para que se possa enxergar) e do niqabe (véu que cobre a cabeça) entra em vigor nesta quarta-feira.
Convocado pelo grupo Mulheres em Diálogo, o protesto contra a proibição do uso do véu em espaços públicos será nesta quarta-feira em Copenhague, capital dinamarquesa - Andrew Kelly/Reuters/Direitos Reservados
O protesto é liderado pelo grupo Kvinder I Dialog (Mulheres em Diálogo). De forma pacífica, mulheres pretendem sair às ruas usando o traje completo muçulmano. No Twitter, elas pedem o fim do que chamam "banimento" e da legislação discriminatória. Também afirmam que estão sendo privadas da livre circulação e responsabilizadas por conflitos que não existem. A iniciativa da Dinamarca segue exemplo de normas aprovadas na França, Bélgica, Bulgária, Letônia, Áustria e em regiões da Suíça, Itália e Alemanha. No caso da Dinamarca, qualquer violação da lei será punida com multas elevadas, que podem chegar a mil euros. Reações Diretora da Anistia Internacional para a Europa, Gauri van Gulik, criticou duramente a medida. "Todas as mulheres devem estar livres para se vestir como quiserem e usar roupas que expressem sua identidade ou crenças. Essa proibição terá um impacto particularmente negativo sobre as mulheres muçulmanas que escolherem usar o nicabe ou a burca." A iniciativa aprovada pelo Parlamento da Dinamarca sustenta que a lei pretende garantir que mulheres adultas ou jovens não sejam obrigadas a cobrir o rosto. Os defensores da proposta afirmam que a proibição assegura a integração dos imigrantes que pleiteiam asilo à sociedade dinamarquesa. Os países e as regiões em que o traje muçulmano é proibido em locais públicos negam discriminação religiosa. Porém, as iniciativas passaram a ocorrer com mais intensidade depois de 2011, dez anos depois dos ataques às Torres Gêmeas, em Nova York (Estados Unidos). Desde então, a população muçulmana alega que sua cultura e seus hábitos passaram a ser mais visados. Para as muçulmanas, o uso do véu representa a humildade das mulheres perante o Criador, em uma demonstração de modéstia, segundo os estudiosos do Islã. De acordo com eles, uma mulher que usa o nicabe (o véu que separa o homem de Deus) se liberta do desejo vago e egoísta de mostrar sua beleza e completir com as outras (mulheres).