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Imigrantes indígenas têm de vencer preconceito

24/08/2018 18h22

Carismáticos, sorridentes e comunicativos, os indígenas da etnia Warao têm de enfrentar o preconceito, além das dificuldades naturais aos imigrantes. Para a coordenadora do abrigo Janokoida, Socorro Maria Lopes, as restrições aos indígenas vêm da falta de informação. "O maior desafio é a má leitura que as pessoas fazem do trabalho do abrigo, a suposição do que acontece aqui, não conhecer realmente nada das culturas, das pessoas da etnia Warao e julgar." Segundo Socorro Lopes, outro desafio em relação aos Warao é identifcar o que eles realmente desejam no Brasil. Diferentemente da maioria dos imigrantes não indígenas, que quer deixar Pacaraima rumo ao interior, entre os indígenas há incerteza.
Indígenas venezuelanos, da etnia Warao, são acolhidos no abrigo Janokoida - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Para o coordenador do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) em Pacaraima (RR), Rafael Levy, é necessário compreender a cultura dos Warao para poder ajudá-los."É um desafio que tem pensar em conjunto com os próprios indígenas, tentar entender melhor quais os objetivos e anseios deles." Levy disse que é preciso definir uma estratégia de governo e a longo prazo. "[É preciso] trabalhar com as autoridades brasileiras para pensar uma estratégia ampla e conjunta do que fazer com a população, onde eles vão ficar, qual a solução a longo prazo. É um plano que tem ser construído com vários atores, porque vai impactar o estado brasileiro, os indígenas e a população local."
Abrigo Janokoida, em Pacaraima - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Força-tarefa

Nesta semana o Acnur fez uma força-tarefa para levantar informações sobre a etnia Warao. O objetivo é emitir carteiras de identificação, definir ações de assistência social e de saúde, assim como mapear as principais necessidades e intenções. Rafael Levy, do Acnur, disse que os Warao viviam em canais próximos ao mar, são um etnia "da água" e têm o hábito de morar em comunidades ribeirinhas afastadas de centros urbanos. Também foi observado que muitos dos indígenas ainda mantêm o costume de passar pela fronteira rotineiramente para levar ajuda para os parentes que permaneceram na Venezuela.