Nicarágua deporta documentarista brasileira que foi presa por protesto
Depois de passar mais de 30 horas detida pelas autoridades da Nicarágua, a documentarista brasileira Emilia Mello foi deportada. A informação foi conformada hoje (27) à Agencia Brasil pelo secretario-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Paulo Abrão. Segundo ele, que acompanhou o caso, Emilia embarcou ontem (26) em um voo da Avianca e fez escala em El Salvador e na Cidade do México. Ela deve continuar viagem para Nova Iorque, pois também tem nacionalidade norte-americana. "Ela foi submetida a interrogatório e relatou maus tratos psicológicos", disse Abrão. A documentarista foi detida no sábado (25) quando se dirigia a uma passeata contra o presidente Daniel Ortega, na cidade de Granada. Ela foi detida junto com outras 20 pessoas - a maioria estudantes universitários, que há quatro meses estão nas ruas protestando. Todos foram liberados, com exceção de Emilia, que acabou sendo deportada. "O governo alegou que o visto dela era de turista e não permitia que ela trabalhasse", disse Abrão. Para a Associação Nicaraguense de Cinematografia (Anci), o ato é uma demonstração de censura e violência, pois houve uma tentativa de impedir de "contar ao mundo a história do que estamos vivendo e registrar qualquer violação dos direitos humanos", informa o comunicado da Anci. A CIDH, ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA), mantém uma equipe na Nicarágua para acompanhar as denúncias de violações de Direitos Humanos e informou que 322 pessoas morreram em quatro meses de protestos contra o governo de Ortega, das quais 21 eram policiais e 23, crianças e adolescentes.
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