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Brasil queimou 21% de seu território em 40 anos, área equivalente a Colômbia e Chile

Região do rio Formoso registrou a maior parte do desmatamento verificado em 2021 - Christian Braga/Greenpeace
Região do rio Formoso registrou a maior parte do desmatamento verificado em 2021 Imagem: Christian Braga/Greenpeace

26/04/2023 00h04Atualizada em 26/04/2023 07h21

Em 38 anos, o Brasil queimou 185,7 milhões de hectares, uma área equivalente aos territórios da Colômbia e do Chile juntos, ou 21,8% do território nacional.

O que aconteceu:

O Cerrado e a Amazônia foram os biomas mais atingidos, correspondendo a cerca de 86% da área queimada. O levantamento é do MapBiomas Fogo, que mapeou a extensão do território consumido pelas chamas entre os anos de 1985 e 2022 a partir de imagens de satélite.

O Cerrado queimou em média 7,9 milhões de hectares/ano, ou seja, uma área equivalente ao território da Escócia a cada ano.

No caso da Amazônia, a média foi de 6,8 milhões de hectares/ano.

Quando se analisam as proporções das áreas atingidas dentro dos biomas, o Pantanal foi mais afetado: teve 51% de seu território consumido pelo fogo naquele período.

Com essa série histórica de dados de fogo, podemos entender o efeito do clima e da ação humana sobre as queimadas e os incêndios florestais.
Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciência no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)

Cobertura impactada pelo fogo

Segundo a análise, mais de dois terços (68,9%) das queimadas e dos incêndios ocorreram em vegetação nativa, embora a proporção varie entre os biomas.

Campos e savanas, por exemplo, são tipos de vegetação nativa mais afetados, enquanto Amazônia e Mata Atlântica apresentaram maior incidência de fogo em áreas antrópicas, isto é, alteradas pelo ser humano, tais como zonas de pastagem.

Veja os estados com maior ocorrência de fogo entre 1985 e 2022

  • Mato Grosso
  • Pará
  • Maranhão

Veja os municípios com maior ocorrências de fogo entre 1985 e 2022

  • Corumbá (MS)
  • São Félix do Xingu (PA)
  • Formosa do Rio Preto (BA)

O fogo só é ruim quando é utilizado de forma inadequada e em biomas que não dependem do fogo para se manter, como a Amazônia. Em biomas como o Cerrado, o Pantanal, o Pampa, o fogo tem um papel ecológico e deve ser manejado de forma correta para não virar um agente de destruição.
Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciência no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)

Frequência e intensidade

Embora seja natural em alguns ecossistemas, os dados mostram que a frequência e a intensidade do fogo têm aumentado nos últimos anos, devido ao desmatamento e às mudanças climáticas, que afetam as temperaturas e intensificam os períodos de seca.

"Para isso, as práticas relacionadas ao Manejo Integrado do Fogo (MIF) são importantes, pois elas podem, através das queimas prescritas e controladas, reduzir a quantidade de material combustível e evitar grandes incêndios", afirma Ane.

Os dados completos do mapeamento podem ser acessados gratuitamente na plataforma do MapBiomas, organização que une universidades, ONGs e empresas de tecnologia.

O estudo disponibiliza ainda recortes por frequência, bioma, estado, município, bacia hidrográfica, unidade de conservação, terra indígena, assentamentos e áreas com Cadastro Ambiental Rural (CAR). Este cadastro é um registro público obrigatório para todos os imóveis rurais e reúne informações para o planejamento ambiental e econômico e para o combate ao desmatamento.