MPRJ vai apurar discurso do prefeito que defendeu castração de meninas
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu apuração preliminar de possíveis excessos no discurso feito pelo prefeito de Barra do Piraí, Mário Esteves. O pedido foi feito por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva - Núcleo Barra do Piraí, para avaliação de eventual responsabilidade, inclusive referente a improbidade administrativa.
Durante evento de inauguração de uma obra pública, no último dia 14, o prefeito, após chamar o secretário de Saúde, discursou com as seguintes palavras: "O que não falta em Barra do Piraí é criança. Cadê o Dione [Caruzo, secretário de Saúde]? Tem que começar a castrar essas meninas. Controlar essa população. É muito filho, cara! É no máximo dois. Fazer uma lei lá na Câmara. É no máximo dois, porque haja creche pra ser 'construído' nos próximos anos."
Segundo o MPRJ, o caso teve grande repercussão na mídia, e diversas notícias veiculadas por órgãos de imprensa foram anexadas ao procedimento da promotoria, que estabeleceu o prazo de dez dias úteis para que o prefeito preste esclarecimentos sobre o teor de seu discurso, no qual defendeu "castrar" as "meninas" da cidade.
"Deverão ser comprovadas documentalmente quais medidas de controle populacional foram efetivamente implantadas durante o seu governo, especialmente a quantidade de cirurgias de laqueadura e vasectomia, os critérios para aprovação de tais cirurgias, bem como a distribuição de preservativos e outros métodos contraceptivos na rede municipal de saúde", diz o MPRJ.
Expulsão
O Solidariedade decidiu, por unanimidade, expulsar o prefeito do partido após a fala sobre a castração de meninas. "Nosso partido tem entre seus valores basilares a defesa dos direitos das mulheres, a promoção da equidade de gênero e a luta incessante contra qualquer forma de discriminação. Seguiremos firmes em nosso compromisso de construir políticas públicas inclusivas e de conscientizar a sociedade sobre a importância de respeitar e valorizar as mulheres em todas as instâncias de poder", diz a nota do Solidariedade.
Em suas redes sociais, Mário Esteves disse que, em nenhum momento, teve "a intenção de ofender quaisquer parcelas da população", muito menos as mulheres. "Reconheço o equívoco na troca do termo técnico - laqueadura por "castrar. No entanto, isso não diminui a importância do assunto. O que deveria entrar em pauta era o planejamento familiar", afirmou. "Lamento se a colocação inadequada de uma palavra ofendeu algumas pessoas, em especial, as mulheres. Repito: não foi a intenção."
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