Bispos criticam decisão do STF sobre aborto
"Os ministros optaram por uma antropoligia reducionista, abrindo para o aborto uma porta que pode ser escancarada para outras formas de violência contra a vida nascente", afirmou d. Dimas. "A eugenia é um horizonte que a humanidade experimentou em passado recente e que parece ter sido esquecido", acrescentou o arcebispo, depois de classificar como perigosa a decisão do STF.
O bispo de Camaçari (BA), d. João Carlos Petrini, presidente da Comissão Episcopal e Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, advertiu que a decisão do Supremo tem "extraordinário poder de formar consciência coletiva", com sérias consequências no contexto da violência, levando à conclusão, por exemplo, de que "quem incomoda pode ser eliminado".
Para o bispo auxiliar do Rio de Janeiro, d.Augusto Dias Duarte, é preciso perguntar, depois da decisão do STF, se as mulheres que não quiserem abortar seus filhos portadores de meroencefalia terão ajuda do SUS, respeitando-se a sua consciência. Para o bispo, que é médico pediatra formado pela Universidade de São Paulo, não se deve falar em anencefalia, mas sim em meroencefalia - "o termo correto, porque apenas parte do cérebro pode estar afetada". Isso explica, segundo d. Augusto, por que a criança pode sobreviver minutos, horas ou dias depois do nascimento.
D. Joaquim Mol Guimarães, bispo auxiliar de Belo Horizonte, advertiu que é preciso fazer valer o princípio do diálogo, "porque, por mais sábios que sejam (os ministros), eles não dominam todos os campos. O STF tomou para si a tarefa de legislar", disse.
Os bispos admitem que, embora se trate de uma questão resolvida no campo do Judiciário, a assembleia da CNBB volte a analisar o problema sob o ponto de vista pastoral, para orientação dos católicos.