Topo

Há sete anos no poder, Cabral culpa 'décadas de abandono' por enchentes

No Rio

12/12/2013 17h06

Há sete anos no cargo, o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) culpou nesta quinta-feira (12) as "décadas de abandono" pelas enchentes e mortes causadas pelas chuvas na Baixada Fluminense, além das prefeituras pela ocupação irregular das áreas de risco.

Estação alagada no Rio

  • Reprodução/Instagram

    Homens cobram R$ 2 para fazer travessia de passageiros

Durante a entrevista, após reunião com sete secretários estaduais e dez prefeitos da Baixada, no quartel dos bombeiros de Nova Iguaçu, Cabral foi interpelado por um morador do município. Identificado como Adriano Naval, ele afirmou que nenhuma casa foi construída, nem nenhum morador da cidade foi reassentado após seis anos do Projeto Iguaçu de saneamento básico. "Não é verdade. O rio Iguaçu não passa só em Nova Iguaçu. A segunda fase é que vai atender agora o município de Nova Iguaçu", contestou o governador.

Cabral não percorreu a pé áreas atingidas e, após receber um telefonema da presidente Dilma Rousseff durante a entrevista, anunciou para sexta-feira (13) uma reunião com o ministro da Integração Nacional, no Centro Integrado de Comando e Controle.

Dois radares de alta precisão para previsão meteorológica anunciados pelo governo do Estado há mais de dois anos ainda não estão em operação. O Inea (Instituto Estadual do Ambiente) atribuiu o atraso à realização de uma licitação internacional e deu novo prazo para que os equipamentos, comprados por R$ 13 milhões, entrem em operação, em março de 2014.

Rios

Em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, o nível do Rio Paraíba do Sul, subiu 44 centímetros entre as 8 horas e as 14 horas desta quinta-feira. Na última medição, o nível do rio estava em 7,11 metros - distante ainda do ponto de transbordo, que é de 10,5 metros. Como há previsão de mais chuvas e o Paraíba do Sul tem recebido muita água do Rio Muriaé, que vem de Minas Gerais, a Defesa Civil continua em estado de alerta.

Na localidade de Ururaí, o rio transbordou e atingiu três casas construídas no leito. Os moradores vão receber aluguel social até que a prefeitura reconstrua os imóveis dentro do programa Morar Feliz. O nível do Rio Ururaí baixou dois centímetros - está em 5,58 metros.

Comitê de crise

A reunião de emergência do governador com os prefeitos dos municípios da Baixada resultou na criação de um comitê de gestão de crise que será coordenado pelo vice-governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB). "Sabemos que temos que trabalhar juntos e sabemos o que vem por aí", disse o governador sobre a previsão de mais chuvas no Estado.

Segundo a assessoria do Governo do Estado, o "Gabinete Integrado da Baixada" terá representantes da administração estadual, dos prefeitos e autoridades relacionadas ao tema 24 horas por dia. Durante o encontro, que aconteceu em Nova Iguaçu, cidade que decretou calamidade pública na quarta (11), o prefeito de Queimados, Max Lemos (PMDB), disse que mais de 1.900 pessoas estão desalojadas no município. Ele pediu que continuem na cidade os 25 caminhões e as dez retroescavadeiras que retiram de entulho nos rios.

Já o prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier (PMDB), afirmou que planeja entregar 10,5 mil unidades do Minha Casa Minha Vida para retirar famílias de áreas de risco. Bornier disse que faz um levantamento para dar o aluguel social a 600 famílias desalojadas.

Segundo o governador, será feito o pagamento de aluguel social para mais 3.000 famílias no Estado. "Hoje são 15 mil famílias que recebem aluguel social na serra e na Baixada Fluminense. São R$ 100 milhões por ano com recursos apenas do Governo do Rio. Vamos sair para 18 mil agora, com essa situação recente das chuvas", disse Cabral.