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Mercado não tem solução para escassez em 2015, diz Sabesp

Das cem propostas, a Sabesp classificou 26 como promissoras, sendo que nove delas envolvem a represa Billings (foto) - Danilo Verpa/Folhapress
Das cem propostas, a Sabesp classificou 26 como promissoras, sendo que nove delas envolvem a represa Billings (foto) Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Em São Paulo

20/05/2015 07h44

Despoluição do rio Pinheiros e da Billings, uso de reatores para transformar esgoto em água de reúso, instalação de cortina para barrar detritos em represa e até de uma cobertura para evitar a evaporação.

Após recorrer ao mercado no auge da crise hídrica, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) recebeu cem propostas para combater a escassez de água, mas nenhuma capaz de resolver o problema ainda neste ano.

Ninguém chegou e disse assim: "Eu resolvo seu problema em 2015", resume Edison Airoldi, superintendente de Planejamento Integrado da Sabesp, responsável por avaliar as cem propostas recebidas durante a chamada pública aberta há três meses.

"O objetivo imediato não foi atendido, mas provou que a gente estava no caminho certo, que nossas ações se mostraram as melhores no curto prazo que tínhamos", completa.

Das cem propostas, a Sabesp classificou 26 como promissoras, ou seja, podem ser adotadas no futuro, para aumentar a oferta de água na Grande São Paulo a partir de 2016. Nove delas envolvem a represa Billings, considerada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) a grande caixa d'água da região metropolitana e a aposta da Sabesp para evitar o rodízio no abastecimento neste ano.

Uma das ações destacadas é o tratamento e reversão de 15 mil litros por segundo do rio Pinheiros para a Billings, por meio da flotação, técnica que consiste em aglutinar a sujeira do rio em grandes grãos para removê-los.

O método chegou a ser testado entre 2007 e 2009, mas foi criticado por alguns ambientalistas e pelo Ministério Público e abandonado pelo governo. Em fevereiro, quando o Cantareira chegou a 5% da capacidade, considerando as duas cotas do volume morto, e a Sabesp buscou ajuda do mercado, Alckmin defendeu a prática.

Esse processo já foi referendado pela Cetesb (Companhia Ambiental de São Paulo), pela Sabesp e pela Escola Politécnica da USP. Com 15 mil litros por segundo, você consegue encher a Billings inteira em dois anos e meio, sem falar do ganho ambiental de limpar a água do Pinheiros, afirma João Carlos Gomes Oliveira, presidente da DT Engenharia, responsável por essa e outras 10 propostas.

Todas poderiam ser adotadas ainda neste ano, mas ia depender da capacidade de investimento da Sabesp, que, como sabemos, está com dificuldade financeira.

Em cima

Sete das 26 propostas estão ligadas a obras ou soluções já apresentadas pela Sabesp, como a ampliação da capacidade de produção do sistema Guarapiranga, aumento da transferência de água para o sistema Alto Tietê e a construção de estações produtoras de água de reúso, que Alckmin anunciou para este ano, mas já foram postergadas.

"Eles [Sabesp] até nos chamaram para discutir a proposta de tratar até 15 mil litros por segundo do rio Pinheiros com reatores biológicos dentro da Billings. Também sugerimos tratar água dos rios Tietê e Pinheiros em contêineres instalados nas marginais para uso não potável pela indústria", afirma Mauro Coutinho, diretor técnico da Centroprojekt.

Para o inventor Pedro Ricardo Paulino, que propôs a instalação de miniusinas que fabricam água usando a umidade dos rios nas marginais, o chamado da Sabesp ficou em cima da hora. "Já tinha sugerido isso em setembro, mas deixaram para a última hora. Agora, fica mais difícil e caro", diz.

A proposta de Paulino, a exemplo de outras envolvendo dessalinização da água do mar e coleta de água em cisternas caseiras, foi descartada pela Sabesp. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".