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Retirada dos moradores de comunidade em Osasco (SP) levará 3 dias, diz PM

Moradores colocaram fogo em barracos como forma de protesto, mas não houve confronto com a PM - Felipe Rau/Estadão Conteúdo
Moradores colocaram fogo em barracos como forma de protesto, mas não houve confronto com a PM Imagem: Felipe Rau/Estadão Conteúdo

Em São Paulo

09/06/2015 09h47Atualizada em 09/06/2015 11h09

A Polícia Militar prevê que a retirada dos cerca de 12 mil moradores da comunidade Nelson Mandela, em Osasco (Grande São Paulo), levará três dias. A estimativa é do capitão Márcio Souza. "A pressa na retirada aumenta a revolta das pessoas, então previmos isso no nosso planejamento", disse o capitão.

A operação de reintegração de posse teve início às 6h desta terça-feira (9) e continua sem feridos. Mais cedo, moradores colocaram fogo em barracos como forma de protesto, mas não houve confronto.

O Corpo de Bombeiros ainda não controlou alguns focos de incêndio pois não há espaço para o caminhão da corporação entrar na comunidade.

A cavalaria, que foi para o local, se retirou da favela por volta das 9h e a polícia coordena a entrada e saída de vans para a mudança. Alguns moradores não sabem para onde levar seus móveis.

Comunidade

Em meio à mudança, alguns moradores retiram as fiações, canos, telhas e móveis das redondezas. Cerca de 200 pessoas foram contratadas pela Prefeitura de Osasco para fazer o carregamento dos caminhões de mudança.

Em alguns casos, os moradores não tem destino definido, como no caso do carteiro Edvan Souza, 47. "O que eu acho errado é deixarem ocupar antes, para depois tirar a gente daqui" reclama Souza.

Quando se mudou para a ocupação, há oito meses, ele foi informado pela associação de moradores que o dono do terreno, a empresa Dias Martins S/A Mercantil e Industrial, faria um acordo para vender o espaço à comunidade. Há três meses, a Justiça acolheu o pedido da empresa para reintegração de posse.

Natural de Ilhéus, na Bahia, ele diz que encontrou pouca oportunidade de emprego em São Paulo, e pensa em voltar. "E a gente ouve dizer que tem direito a moradia, educação e saúde. Está na lei, mas não tem nada disso", comenta o carteiro Souza.

Rodoanel

O Rodoanel Mario Covas foi totalmente liberado por volta das 8h30, depois de três horas fechado nos dois sentidos, mas segue com lentidão do quilômetro 12 ao 10, no sentido Bandeirantes. Para o litoral, tráfego é lento do 10 ao 11.

A rodovia foi fechada pela Polícia Militar, entre os quilômetros 16 e 6, na manhã desta terça-feira, a partir das 5h30 para a reintegração de posse do terreno ocupado por moradores da comunidade Nelson Mandela.

O Rodoanel só foi totalmente liberado às 8h30. Rodovias Castelo Branco, Anhanguera e dos Bandeirantes ficaram com o trânsito complicado por causa do bloqueio.

Secretaria da Segurança Pública

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo, a reintegração de posse da área conhecida como comunidade Nelson Mandela foi determinada pela juíza Ângela Moreno Pacheco de Rezende Lopes, da 2ª Vara Cível do Foro de Osasco, que acolheu pedido da Dias Martins S/A Mercantil e Industrial, proprietário da área.

Segundo a secretaria, "o terreno de 200 mil m² foi invadido em fevereiro de 2014. Atualmente, há aproximadamente 12 mil pessoas no local, instaladas em cerca de 3 mil barracos de madeira e casas de alvenaria".

A SSP informou ainda que a Polícia Militar participou de reuniões com oficiais de Justiça e representantes de órgãos envolvidos na ação, como Conselho Tutelar, Secretaria Municipal de Obras de Osasco, Secretaria Municipal de Assistência e Promoção Social, Ministério Público, Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Secretaria Municipal da Saúde, entre outros.