Lugo cita Jesus como exemplo da maior injustiça ao sair de encontro com Lula
O ex-presidente paraguaio Fernando Lugo relatou ter dado uma palavra de consolo no encontro que teve na tarde desta sexta-feira (11), com o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
O paraguaio, que lembrou seus mais de 30 anos como sacerdote, relatou ter dito a Lula que, às vésperas da Páscoa, se deve lembrar de Jesus Cristo, "vítima da maior injustiça do mundo". "Disse a Lula que, no mundo da Justiça, sempre há muitas injustiças e, às vésperas da Semana Santa, recordamos a morte e ressurreição de Jesus Cristo, símbolo da maior injustiça do mundo. O homem deve estar preparado para tudo", disse o paraguaio.
Amigo de Lula, Lugo veio visitar o brasileiro após o pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público de São Paulo. No caso que investiga o tríplex do Guarujá, Lula foi denunciado por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica na suposta ocultação de patrimônio. Lula nega ser dono do imóvel, que oficialmente está registrado no nome da OAS.
Lugo disse que o encontro com Lula foi fraternal, que seu amigo não perdeu o senso de humor e está tranquilo. "É o Lula que sempre conheci, ele não perdeu o senso de humor. Está com uma paz e tranquilidade que não pensava que ele ia ter", afirmou. "Lamentamos, do Paraguai o ocorrido aqui com o companheiro Lula, somos também interessados em que essa questão, o mais rapidamente possível, possa estar esclarecida", disse, ao destacar que Lula foi um presidente que promoveu transformação social não só no Brasil, mas na América Latina.
Sobre o possível impeachment de Dilma Rousseff, Lugo destacou novamente que os processos de deposição e tentativas de deposição de presidentes na América Latina são diferentes, apesar de terem um fundo semelhante. "Nem os dedos são iguais, há matizes diferentes", disse. E colocou um distanciamento em respeito à Justiça brasileira. "Não queremos opinar de fora, de outro país. Esperamos que esta investigação possa ter o desenlace como o povo está esperando, para tranquilidade do povo brasileiro e do presidente Lula."
Ao comentar o processo de impeachment pelo qual passou, Lugo destacou que lá não foram respeitados os preceitos constitucionais de direito de defesa e presunção de inocência e que é isto que deve ser evitado. Lugo sofreu uma destituição relâmpago no Paraguai em junho de 2012, em um processo que durou dois dias no Congresso do País. "O juízo político é uma ferramenta jurídica, contemplado em todas as constituições, mas é questionável se não for enquadrado dentro do respeito do devido processo, com direito de defesa como foi especificamente no processo do Paraguai."
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